Cúpula dos Povos encerra atividades em Belém e entrega declaração com críticas internacionais e acusações de genocídio

Documento final reúne demandas climáticas, territoriais e sociais, e cita Israel ao condenar conflitos armados; carta foi entregue ao presidente da COP30.

Publicado em 16 de novembro de 2025 às 12:44

Presidente e CEO da COP30 receberam a declaração junto aos ministros do Governo - 
Presidente e CEO da COP30 receberam a declaração junto aos ministros do Governo -  Crédito: Alex Ferro/COP30

A Cúpula dos Povos encerrou as atividades neste domingo (16), em Belém, com a apresentação de um documento que promete repercussão internacional. A Declaração Final, entregue ao embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, reúne críticas à política externa de países do Norte global e acusa Israel de praticar “genocídio contra o povo palestino”. A entrega ocorreu durante audiência pública na Universidade Federal do Pará (UFPA), que marcou o fim do encontro iniciado no dia 12 e considerado a maior mobilização de movimentos sociais durante a COP30.

Embora o trecho sobre a guerra tenha concentrado atenções, a declaração reúne uma série de reivindicações estruturais relacionadas à crise climática. Entre os principais pontos estão a demarcação de territórios indígenas e tradicionais, financiamento internacional para transição energética justa, políticas de adaptação para populações vulneráveis, ações efetivas de mitigação de emissões, além do combate ao racismo ambiental, à desigualdade urbana e à “financeirização” de soluções climáticas.

De acordo com os organizadores, mais de 70 mil pessoas participaram da construção do documento, incluindo indígenas, quilombolas, ribeirinhos, quebradeiras de coco, movimentos urbanos, representantes de periferias e organizações internacionais.

A declaração também traz uma condenação ampla a conflitos armados, afirmando que guerras agravam a crise climática e aprofundam desigualdades socioambientais. O texto exige o fim das guerras, pede desmilitarização e defende o redirecionamento de gastos bélicos para ações de reparação ambiental. A parte mais contundente é a que menciona diretamente o Oriente Médio, classificando as ações de Israel como “genocídio”.

A presidência da COP30 recebeu oficialmente o documento, mas ainda não comentou as acusações. Corrêa do Lago afirmou que as contribuições serão encaminhadas aos grupos técnicos da conferência.

A leitura da declaração ocorreu na presença de representantes da COP30, movimentos sociais e lideranças tradicionais. O material foi entregue após a apresentação da Carta das Infâncias, também elaborada durante a Cúpula.

O encerramento marca o fim das mobilizações paralelas à COP30, que agora entra em uma semana decisiva, com agendas oficiais de ministros, chefes de Estado e negociadores internacionais.