Publicado em 19 de novembro de 2025 às 12:14
Nesta quarta-feira (19), o Gender Day (Dia de Gênero) na COP30 colocou as mulheres no centro dos debates sobre clima, justiça social e um “novo padrão civilizatório” em Belém. Ao longo do dia, a programação articulada pelo Ministério das Mulheres ocupou diferentes espaços da conferência com oficinas, painéis, plenárias e escutas públicas, reunindo governo, juventudes, movimentos sociais, academia e organismos internacionais.>
A pauta não é apenas simbólica: o objetivo é consolidar o protagonismo das mulheres na ação climática e garantir que a perspectiva de gênero atravesse, de fato, as decisões globais sobre o futuro do planeta.>
Entre as autoridades presentes esteve a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, que destacou o papel feminino na construção de um novo modelo de sociedade. “A contribuição das mulheres é essencial para o novo padrão civilizatório. As mulheres sabem compartilhar a autoria das coisas. Veja que foram mulheres fazendo juntas. As mulheres conseguem compartilhar a realização e as mulheres gostam de compartilhar o reconhecimento”, afirmou.>
Marina criticou a lógica tradicional de concentração de poder e liderança e defendeu um modelo mais coletivo e colaborativo. “Existe uma forma cartesiana que é tudo para o líder, para o líder. O mundo precisa de conhecimento, de saber compartilhado e é isso que nós estamos fazendo aqui para que a gente tenha um mundo próspero, diverso e sustentável”, completou.>
Programação intensa e foco em justiça climática>
Ao longo do Gender Day, a programação trouxe temas que vão desde o enfrentamento à violência contra as mulheres até o fortalecimento de lideranças indígenas, passando por trabalho de cuidado, transição justa e participação das juventudes.>
Entre os destaques estão:>
A delegação do Ministério das Mulheres também apresentou iniciativas estratégicas, como:>
Brasil quer liderar agenda climática com igualdade de gênero>
O Gender Day existe desde 2012, no âmbito da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudança do Clima, e se consolidou como um marco político global para inserir a lente de gênero nas negociações climáticas. Na COP30, realizada em território brasileiro, essa agenda ganha peso extra.>
Para o governo federal, o momento é de responsabilização e também de projeção internacional: o Brasil quer se afirmar como referência em justiça climática com igualdade de gênero, reconhecendo o papel das mulheres na adaptação, mitigação, governança e implementação das soluções climáticas.>
Proteção e acolhimento durante a COP30>
Além das mesas e debates, o Ministério das Mulheres estruturou uma rede de proteção específica para o período da conferência. A Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 ganhou um canal exclusivo para vítimas de violência durante a COP30. O atendimento é 24 horas, todos os dias da semana, com prioridade para as chamadas relacionadas ao evento e suporte em quatro idiomas: português, inglês, espanhol e Libras.>
Também foram montadas salas de acolhimento na Zona Verde, com equipes multidisciplinares e multilíngues especializadas no atendimento de mulheres em situação de violência. As ações contam com parceria do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado das Mulheres (Semu).>
Juventudes em movimento>
A programação do Gender Day também se conecta à Cidade das Juventudes, primeiro acampamento voltado exclusivamente a jovens na história das Conferências do Clima. Instalado em Belém entre 9 e 21 de novembro, o espaço mistura arte, política e mobilização social, ampliando a participação juvenil na governança climática e nos debates sobre igualdade de gênero.>
Em um dia dedicado a discutir como a crise climática afeta – e é enfrentada por – mulheres em todo o mundo, a fala de Marina Silva sintetizou o espírito do Gender Day na COP30: um chamado para construir um futuro próspero, diverso, sustentável e, sobretudo, coletivo.>