‘Dia do Gênero' na COP30 reforça protagonismo feminino em Belém

Gender Day na COP30 destaca protagonismo de mulheres na ação climática em Belém e reúne Marina Silva, governo, juventudes e movimentos sociais em defesa de um futuro mais justo e sustentável.

Publicado em 19 de novembro de 2025 às 12:14

‘Dia do Gênero na COP30 reforça protagonismo feminino em Belém
‘Dia do Gênero na COP30 reforça protagonismo feminino em Belém Crédito: Estevam Costa/PR

Nesta quarta-feira (19), o Gender Day (Dia de Gênero) na COP30 colocou as mulheres no centro dos debates sobre clima, justiça social e um “novo padrão civilizatório” em Belém. Ao longo do dia, a programação articulada pelo Ministério das Mulheres ocupou diferentes espaços da conferência com oficinas, painéis, plenárias e escutas públicas, reunindo governo, juventudes, movimentos sociais, academia e organismos internacionais.

A pauta não é apenas simbólica: o objetivo é consolidar o protagonismo das mulheres na ação climática e garantir que a perspectiva de gênero atravesse, de fato, as decisões globais sobre o futuro do planeta.

Entre as autoridades presentes esteve a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, que destacou o papel feminino na construção de um novo modelo de sociedade. “A contribuição das mulheres é essencial para o novo padrão civilizatório. As mulheres sabem compartilhar a autoria das coisas. Veja que foram mulheres fazendo juntas. As mulheres conseguem compartilhar a realização e as mulheres gostam de compartilhar o reconhecimento”, afirmou.

Marina criticou a lógica tradicional de concentração de poder e liderança e defendeu um modelo mais coletivo e colaborativo. “Existe uma forma cartesiana que é tudo para o líder, para o líder. O mundo precisa de conhecimento, de saber compartilhado e é isso que nós estamos fazendo aqui para que a gente tenha um mundo próspero, diverso e sustentável”, completou.

Programação intensa e foco em justiça climática

Ao longo do Gender Day, a programação trouxe temas que vão desde o enfrentamento à violência contra as mulheres até o fortalecimento de lideranças indígenas, passando por trabalho de cuidado, transição justa e participação das juventudes.

Entre os destaques estão:

  • Apresentação da minuta da Política Nacional para as Mulheres Indígenas, em consulta pública, na AldeiaCOP, na UFPA;

  • Painéis sobre mulheres na ação climática, transição justa e trabalho de cuidado, na Zona Verde da COP30;

  • Debate de alto nível “Desenhando o Futuro: Mulheres, Clima e Justiça”, no Pavilhão Brasil, na Zona Azul;

  • Oficina do Ligue 180, voltada ao enfrentamento da violência e prevenção ao feminicídio;

  • Plenária “Juventudes, Mulheres e Clima”, na Cidade das Juventudes, fazendo um balanço do Gender Day.

A delegação do Ministério das Mulheres também apresentou iniciativas estratégicas, como:

  • Protocolo internacional para o fortalecimento de mulheres e meninas em situações de emergências climáticas e desastres, desenvolvido no âmbito do Plano de Aceleração de Soluções (PAS) da COP30;

  • Estratégia Transversal Mulheres e Clima, que inclui a perspectiva de gênero no Plano Clima 2025–2035;

  • Cartilha “Mulheres nas Ações Climáticas”, com orientações e diretrizes para políticas públicas sensíveis a gênero.

Brasil quer liderar agenda climática com igualdade de gênero

O Gender Day existe desde 2012, no âmbito da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudança do Clima, e se consolidou como um marco político global para inserir a lente de gênero nas negociações climáticas. Na COP30, realizada em território brasileiro, essa agenda ganha peso extra.

Para o governo federal, o momento é de responsabilização e também de projeção internacional: o Brasil quer se afirmar como referência em justiça climática com igualdade de gênero, reconhecendo o papel das mulheres na adaptação, mitigação, governança e implementação das soluções climáticas.

Proteção e acolhimento durante a COP30

Além das mesas e debates, o Ministério das Mulheres estruturou uma rede de proteção específica para o período da conferência. A Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 ganhou um canal exclusivo para vítimas de violência durante a COP30. O atendimento é 24 horas, todos os dias da semana, com prioridade para as chamadas relacionadas ao evento e suporte em quatro idiomas: português, inglês, espanhol e Libras.

Também foram montadas salas de acolhimento na Zona Verde, com equipes multidisciplinares e multilíngues especializadas no atendimento de mulheres em situação de violência. As ações contam com parceria do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado das Mulheres (Semu).

Juventudes em movimento

A programação do Gender Day também se conecta à Cidade das Juventudes, primeiro acampamento voltado exclusivamente a jovens na história das Conferências do Clima. Instalado em Belém entre 9 e 21 de novembro, o espaço mistura arte, política e mobilização social, ampliando a participação juvenil na governança climática e nos debates sobre igualdade de gênero.

Em um dia dedicado a discutir como a crise climática afeta – e é enfrentada por – mulheres em todo o mundo, a fala de Marina Silva sintetizou o espírito do Gender Day na COP30: um chamado para construir um futuro próspero, diverso, sustentável e, sobretudo, coletivo.