Encontros com especialistas geram subsídios para participação na COP30

Circuito Diálogos pelo Clima realizou debates sobre impactos das mudanças do clima nos sistemas agroalimentares e na sustentabilidade dos biomas brasileiros.

Publicado em 28 de outubro de 2025 às 10:50

Circuito Diálogos pelo Clima percorreu capitais situadas em regiões representativas dos biomas brasileiros.
Circuito Diálogos pelo Clima percorreu capitais situadas em regiões representativas dos biomas brasileiros. Crédito: Reprodução/Embrapa

A COP30, que vai ocorrer de 10 a 21 de novembro em Belém, contará com o reforço do conhecimento científico produzido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Por meio dos Diálogos pelo Clima, a Empresa promoveu uma série de encontros em todas as regiões do país para debater os impactos das mudanças do clima nos biomas brasileiros e nos sistemas agroalimentares.

As discussões reuniram especialistas, representantes do governo, do setor produtivo e da sociedade civil para gerar subsídios para a participação brasileira na conferência e para a formulação de políticas públicas voltadas à sustentabilidade. Cada encontro foi dedicado a um bioma, resultando em um retrato abrangente das percepções e desafios do país diante da crise climática. As discussões apontam caminhos para uma agricultura mais sustentável e estratégias de mitigação e adaptação aos impactos ambientais.

O circuito percorreu capitais situadas em regiões representativas dos biomas brasileiros. A primeira edição ocorreu em Brasília, em 7 de maio, e o encerramento foi em São Paulo, no dia 8 de outubro. Também receberam os eventos as cidades de Cuiabá (MT), Corumbá (MS), Manaus (AM), Porto Alegre (RS) e Fortaleza (CE), abordando, respectivamente, os biomas Cerrado, Pantanal, Amazônia, Pampa, Mata Atlântica e Caatinga.

A partir desses encontros, a Embrapa está elaborando um documento com as principais contribuições debatidas ao longo dos Diálogos pelo Clima. O material, que será entregue à Presidência da COP30, servirá de subsídio para os negociadores brasileiros e para a formulação de políticas públicas voltadas ao enfrentamento das mudanças do clima.

Respostas coletivas

No lançamento dos Diálogos pelo Clima, em maio, a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, frisou que as mudanças climáticas são um desafio que exige respostas coletivas, o que tem sido buscado pela Embrapa. De acordo com a presidente, apesar de o Brasil ser um dos países mais vulneráveis às mudanças climáticas, tem condições de liderar globalmente as discussões sobre agricultura sustentável. "A crise climática é, ao mesmo tempo, um desafio e uma janela de oportunidades", pontuou.

O diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, Clenio Pillon, afirmou, em um dos encontros, que não é possível enfrentar a crise climática sem investimento consistente em ciência. Para ele, o Brasil precisa formar alianças estratégicas e integrar esforços, de modo a seguir na trajetória de aumento da produtividade e da sustentabilidade nos sistemas agroalimentares e florestais. “Estamos falando sobre evidências que podem subsidiar políticas públicas e também sobre lacunas que ainda precisam ser preenchidas pela pesquisa agropecuária”, lembrou.

Para Pillon, ainda há uma importância dos debates como subsídios para a participação brasileira na COP30, evento no qual, segundo ele, o Brasil poderá fortalecer sua posição de referência em agricultura de conservação e matriz energética renovável. “Estamos falando sobre evidências para a formulação de políticas públicas e, também, sobre lacunas, vazios, para os quais a pesquisa agropecuária deve voltar sua atenção”.

A diretora de Inovação, Negócios e Transferência de Tecnologia, Ana Euler, coordenadora das iniciativas da Embrapa Pre-COP30, ressaltou a participação de representantes do setor produtivo, dos governos federal e locais, das universidades e dos povos e comunidades tradicionais em debates relacionados à bioeconomia, à biodiversidade e à construção de sistemas agroalimentares e florestais mais resilientes.

“Os debates vêm reforçando a necessidade de investimento em pesquisas para a coleta sistêmica de informações. Só seremos capazes de eliminar incertezas e minimizar riscos se tivermos dados robustos. E é importante olharmos para aqueles que mais precisam, para as populações mais vulneráveis. Que todas as vozes ouvidas nos debates possam inspirar uma agenda positiva para o clima do Brasil e de todo o planeta”, disse Ana Euler.

Soluções

Nos encontros regionais, representantes locais também apresentaram contribuições. O coordenador do Fórum de Governança Climática e Desenvolvimento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Marcelo Behar, Enviado Especial da COP30 para biodiversidade, destacou que o Brasil é um dos países com maior capacidade de prover soluções climáticas ao mundo.

Para ele, o Brasil é um dos países mais interessados em diminuir os efeitos do aquecimento global e, ao mesmo tempo, é o que possui maior capacidade de prover soluções climáticas para o mundo. Ele destaca a Caatinga como um dos seis biomas brasileiros fundamentais para o desenvolvimento da bioeconomia. “Vamos trabalhar com as florestas, a agricultura, as cadeias da sociobiodiversidade, a biotecnologia e as finanças, para garantir que o futuro possa produzir mais e melhor, emitindo menos e trazendo a natureza de volta”, destacou Behar.

O coordenador executivo do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima, Sérgio Xavier, representante do Nordeste no grupo de 29 Enviados Especiais à COP30, também foi um dos especialistas convidados para o evento em Fortaleza. Na ocasião, ele enfatizou os modelos econômicos como responsáveis pelas emissões de gases de efeito estufa, poluições diversas, degradação das florestas e desmatamentos.

Na opinião do coordenador, a grande prioridade é investir em novos modelos, transformar os atuais em outros regenerativos e inclusivos, que unam todas as inovações tecnológicas, de forma a fazer com que os processos de produção alcancem o equilíbrio entre as necessidades humanas e a sustentabilidade ambiental. “A economia deve se encaixar nos ciclos biogeoquímicos naturais. Modos de vida naturais, saudáveis e justos devem determinar os modelos de negócios", disse.

Jornada pelo Clima

O circuito de debates Diálogos pelo Clima integra a Jornada pelo Clima, projeto de grande envergadura da Embrapa que evidencia a ciência na agropecuária brasileira como um pilar essencial para a transformação sustentável.

A Jornada tem o patrocínio master do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e da Organização das Cooperativas Brasileiras (Sistema OCB); o patrocínio Diamante + Diamante do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA); o patrocínio Diamante + Ouro da Nestlé; o patrocínio Diamante da Bayer e do IICA; o patrocínio Ouro + Bioma Local da Caixa Econômica Federal; o patrocínio biomas do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA); o patrocínio Vitrine do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, da Morfo e da OCP Brasil; o apoio institucional do Canal Rural e a parceria institucional do Sebrae. A administração dos patrocínios está a cargo da Faped.