Estados Unidos fora da COP30 em Belém? Entenda o motivo

País pode ficar de fora da cúpula climática da ONU marcada para novembro no Pará.

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Talytha Reis

Repórter / [email protected]

Publicado em 31 de julho de 2025 às 11:47

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Reprodução Crédito: Agência Pará / Estadão 

Os Estados Unidos não devem enviar representantes oficiais para a COP30, que será realizada em Belém (PA), em novembro. A ausência ocorre após a eliminação do Escritório de Mudanças Globais do Departamento de Estado, setor responsável por representar o país em negociações internacionais sobre o clima.

A medida é vista como parte de uma retirada deliberada da diplomacia climática global por parte do governo de Donald Trump, que reassumiu a presidência dos EUA neste ano. O último negociador climático norte-americano foi demitido no início de julho, e, sem equipe designada, até mesmo parlamentares americanos que costumam participar das conferências climáticas não conseguiram obter credenciamento para o evento em Belém, segundo fontes ligadas ao processo.

A COP30, organizada pelas Nações Unidas, é considerada uma das cúpulas mais importantes da década e deverá definir os rumos da agenda climática mundial para os próximos dez anos, período crítico para conter o avanço das mudanças climáticas e os impactos do aquecimento global.

Ausência pode impactar negociações

Especialistas ouvidos pela imprensa internacional alertam que a ausência dos Estados Unidos na COP30 pode enfraquecer o comprometimento de outras nações com metas climáticas mais ambiciosas. Para países ricos, a falta de participação americana pode ser usada como justificativa para recuar em compromissos, enquanto nações mais vulneráveis podem perder a confiança no processo multilateral.

Além disso, a saída dos EUA abre espaço para a China reforçar seu papel de liderança nas negociações globais sobre o clima. O país asiático tem investido fortemente em tecnologias de energia limpa e pode aproveitar o vácuo deixado pelos norte-americanos para se apresentar como um parceiro mais estável e confiável.

Em nota enviada à CNN, o Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que a mudança climática é um “desafio comum enfrentado pela humanidade” e que “nenhum país pode ficar de fora disso”.

Rejeição ao Acordo de Paris

Logo nos primeiros dias de governo, Trump voltou a retirar os EUA do Acordo de Paris, repetindo uma decisão tomada também em seu primeiro mandato. O país havia retornado ao pacto climático durante o governo Biden, mas voltou a romper com o compromisso internacional agora em 2025.

O Departamento de Estado norte-americano informou apenas que “qualquer trabalho relevante será gerenciado por outros escritórios do Departamento, conforme apropriado”, sem responder diretamente se haverá ou não delegação oficial dos EUA na COP30.

A ausência dos EUA, maior economia mundial e um dos maiores emissores de gases do efeito estufa, é vista por analistas como um sinal preocupante diante da urgência climática que o planeta enfrenta.

Com informações de CNN