EUA decidem não participar da COP30 e governo não enviará representantes, dizem agências

Os Estados Unidos não vão enviar nenhum representante oficial para a COP30, a conferência do clima da ONU que começa nesta semana em Belém (PA). A decisão foi confirmada por um funcionário da Casa Branca às agências AFP e Reuters, e inclui tanto a ausência do presidente Donald Trump quanto de qualquer membro do governo americano nas rodadas técnicas do evento.

“O presidente Donald Trump já deixou claras as posições de seu governo sobre a ação climática multilateral”, afirmou uma fonte da Casa Branca sob anonimato.

A ausência de Trump na cúpula de líderes, marcada para os dias 6 e 7 de novembro, já era esperada. Ainda assim, havia expectativa de que os EUA enviassem uma delegação técnica para as negociações que seguem até o dia 21, o que, segundo as agências internacionais, não vai acontecer.

Em discursos recentes, Trump voltou a atacar políticas ambientais e negou a crise climática, classificando o tema como “a maior farsa do mundo” durante a Assembleia Geral da ONU. O presidente defende o uso do carvão, critica a transição energética e costuma ironizar as energias renováveis, em contraste com a maioria dos países que estarão em Belém buscando acelerar o abandono de combustíveis fósseis.

A Casa Branca afirmou, em nota enviada à Reuters, que Trump está focado em “acordos energéticos e de paz com líderes mundiais”, destacando que a prioridade do governo é fortalecer parcerias na área de energia, e não compromissos multilaterais sobre o clima.

Efeito nas negociações

Analistas veem a ausência dos Estados Unidos como uma oportunidade para que as negociações avancem. Como as decisões da COP são tomadas por consenso entre os países, a presença americana, com sua resistência a metas de corte de emissões e a novos fundos climáticos, poderia dificultar acordos.

Sem o peso político e econômico de Washington nas mesas de debate, especialistas acreditam que a COP30 poderá avançar em propostas mais ambiciosas, especialmente nos temas de financiamento climático, transição energética e reparação por perdas e danos.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia convidado Trump pessoalmente para participar da conferência, dentro da estratégia de aproximação entre os dois países. O silêncio da Casa Branca, porém, confirma o isolamento dos EUA nas negociações internacionais sobre o clima.

Com informações do G1