Governos da Amazônia terão papel central na COP30, afirma Marcello Brito

Secretário-executivo do Consórcio Amazônia Legal afirma que a conferência, em Belém, será um marco de implementação e integração entre a Amazônia e o Brasil

Publicado em 20 de outubro de 2025 às 15:26

Secretário-executivo do Consórcio Amazônia Legal afirma que a conferência, em Belém, será um marco de implementação e integração entre a Amazônia e o Brasil
Secretário-executivo do Consórcio Amazônia Legal afirma que a conferência, em Belém, será um marco de implementação e integração entre a Amazônia e o Brasil Crédito: Divulgação 

O Enviado Especial da COP30 para os governos subnacionais amazônicos e secretário-executivo do Consórcio Amazônia Legal, Marcello Brito, afirmou que a conferência, que será realizada em Belém (PA) entre 10 e 21 de novembro, será a “COP da implementação”. Ele reforça que a execução das metas e políticas climáticas depende diretamente da atuação de estados, prefeituras e do setor privado.

Para Brito, a criação de uma ponte direta entre os governos subnacionais da Amazônia e a presidência da COP foi uma decisão fundamental. “Quando estivermos falando de transição energética, de financiamento climático ou de novos sistemas logísticos, estaremos falando da Amazônia. E quem deverá cuidar das políticas públicas para garantir segurança jurídica e atrair investimentos são os estados e municípios”, destacou.

O Enviado Especial considera que a COP30 vai além do simbolismo de sediar o evento na floresta amazônica: é uma oportunidade de “corrigir a rota histórica” do desenvolvimento nacional. “Fazer uma COP em Belém, mais do que o simbolismo internacional de uma COP da Amazônia, significa a inserção do Brasil na Amazônia e da Amazônia no Brasil. É uma chance de rever os modelos de desenvolvimento que foram e que ainda serão aplicados na região”, afirmou.

Segundo Brito, a COP30 também será uma vitrine para mostrar ao mundo o papel do agronegócio brasileiro na agenda climática. “Acredito que faremos uma entrega substancial na área de agricultura e pecuária regenerativa. É uma oportunidade de mostrar que o agro brasileiro virou a chave e hoje faz parte das soluções climáticas”, declarou.

Ele destacou que um grupo de especialistas e instituições, um verdadeiro “mutirão de think tanks”,  está desenvolvendo propostas baseadas em ciência e tecnologia para o setor. “Será uma vitrine maravilhosa, que beneficiará não apenas o agro, mas todo o sistema alimentar brasileiro.”

O Enviado Especial também chamou atenção para a necessidade de incluir pequenos produtores na transição para práticas sustentáveis. “Oitenta por cento dos alimentos do mundo vêm da agricultura familiar. Uma transição justa deve contemplar a agropecuária, assim como se faz com os setores de transporte e energia”, ressaltou.

Brito explicou ainda que o debate sobre sistemas alimentares deve englobar toda a cadeia, da produção ao consumo, incluindo transporte, armazenamento, comércio e desperdício. “É inaceitável que ainda hoje se perca cerca de 30% de tudo o que é produzido em alguma etapa da cadeia, especialmente nas residências. Precisamos discutir isso com seriedade”, pontuou.

A Presidência da COP30 nomeou 29 Enviados Especiais, sendo 22 nacionais e 7 internacionais, para apoiar o engajamento e a escuta de setores estratégicos. Eles atuam voluntariamente como interlocutores, facilitando o fluxo de informações e apresentando demandas diretamente à presidência do evento.

Brito relatou ter recebido com “grata surpresa” o convite para integrar o grupo. “O mote do Consórcio Amazônia Legal é a colaboração pré-competitiva. É um trabalho em mutirão, como preconizado pelo nosso presidente André Corrêa do Lago e pela CEO Ana Toni. Essa função representa a continuidade desse esforço coletivo e o fortalecimento da relação entre a direção da COP, o Governo Federal e os estados da Amazônia Legal”, concluiu.

Elias Felippe (Estagiário sob supervisão de Cássio Leal, editor-chefe da tarde).