Publicado em 18 de novembro de 2025 às 12:00
O Greenpeace realizou uma performance de impacto nesta segunda-feira (18), usando uma tinta especial feita a partir de lama tóxica e cinzas da floresta para cobrar mais agilidade e ambição dos líderes globais nas negociações do clima. O objetivo central é reverter o desmatamento e a degradação florestal na Amazônia e em outras florestas tropicais até 2030.>
Camila Jardim, especialista em política internacional no Greenpeace Brasil, explicou a urgência e o simbolismo da ação. “Estamos no momento muito chave das negociações agora da COP, em que os países estão cedendo, estão achando qual vai ser a grande entrega dessa COP. A gente está vendo que nesses textos que estão saindo, eles ainda não estão ambiciosos o suficiente para garantir que a gente implemente as metas mais urgentes para que a crise climática seja controlada. Acabar com o desmatamento e a degradação florestal até 2030 é uma delas.”>
A performance foi pensada para trazer o cheiro e a dor da floresta em chamas para dentro do local das negociações. “A gente então trouxe as cinzas da floresta aqui para dentro da Convenção do Clima, das negociações, para que os negociadores sintam essa urgência. As florestas estão queimando e se a gente não tiver um plano coeso para implementar essa meta, ela não vai sair do papel. 2030 é amanhã em termos de política pública. Então a gente precisa da coordenação, do financiamento, da orientação técnica e essa COP consegue oferecer isso e o texto por enquanto ainda está muito fraco, dá para fazer mais.”>
A especialista ressaltou o fato inédito de a COP acontecer em uma floresta tropical, o que deveria elevar o nível de compromisso. Para ela, a grande lacuna no texto atual é a falta de mecanismos práticos de implementação.>
“O texto não reflete a urgência dessa meta. O que a gente precisa é que ele lance um processo de acompanhamento e de implementação com prazos coesos, com uma coordenação específica, com algo que de fato os países tenham obrigação de reportar e que tenham apoio também para que possam implementar isso em nível doméstico,” afirmou Camila Jardim.>
Ela alertou que depender apenas da “boa vontade dos países de inserirem isso nas suas metas climáticas” não será o suficiente para a velocidade que a crise exige. “As florestas estão queimando e a gente traz então essa lembrança e essa urgência para dentro das negociações do clima.”>
Ao ser questionada sobre qual seria o recado direto aos líderes, Camila Jardim foi enfática: “Coloquem as florestas no centro das negociações, deem uma resposta. Essa é a primeira COP da floresta dentro da floresta e as florestas ainda são tratadas de forma muito secundária nas negociações do clima.”>
Ela finalizou alertando sobre o risco iminente de colapso do bioma. “A convenção pode fazer muito mais, as florestas são essenciais para as medidas de mitigação e de adaptação na mudança do clima. Agora é a hora, amanhã a gente pode não ter mais tempo porque a floresta amazônica, por exemplo, está em um ponto de não retorno. Agora é a hora de acordar para um plano de implementação, o mapa do caminho para o fim do desmatamento e a degradação florestal até 2030.”>