Impactos da emergência climática na saúde é tema de evento em Belém

Ribeirinhos, quilombolas e moradores de periferias sofrem com o avanço de doenças sensíveis ao clima, e especialistas defendem políticas públicas urgentes para proteger a saúde de quem vive na região

Publicado em 14 de julho de 2025 às 14:40

Impactos da emergência climática na saúde é tema de evento em Belém.
Impactos da emergência climática na saúde é tema de evento em Belém. Crédito: Divulgação

Os impactos das mudanças climáticas na saúde pública já são uma realidade na Amazônia. O aumento das temperaturas, as inundações e alagamentos, a intensificação do desmatamento e a maior exposição de populações vulneráveis a vetores de doenças estão transformando a região.

Essa relação entre meio ambiente e saúde será destaque durante a Semana do Clima da Amazônia, que acontece de 14 a 18 de julho em Belém. No painel “Uma agenda integrada para o desenvolvimento das Amazônias”, realizado no dia 16 de julho, o médico Fagner Carvalho, especialista em infectologia, professor da Afya Faculdade de Ciências Médicas de Abaetetuba e coordenador do Serviço Especializado em Doença de Chagas (SEDCA), em Abaetetuba, vai abordar os impactos na saúde já identificados nas populações da região mais expostas a riscos.

“É fato que há um aumento dos casos das doenças infecciosas, principalmente doenças de Chagas, mas também as respiratórias, dermatológicas e desnutrição, além dos efeitos psicológicos dos deslocamentos forçados. Tudo isso a gente tem vivenciado nas comunidades ribeirinhas e quilombolas. Precisamos integrar as iniciativas locais às políticas públicas, fortalecer a presença médica, melhorar a infraestrutura e ampliar a vigilância epidemiológica. A Amazônia é viva, potente e diversa. É essencial escutar os povos da floresta, respeitar os territórios e preparar o sistema de saúde para desafios que vão muito além do presente”, enfatiza o especialista.

O painel terá ainda a mediação de Lívia Pagotto, da Uma Concertação pela Amazônia e as presenças de Isabela Canto (CANTO/RAC); Juliana Splendore (Plataforma Parceiros pela Amazônia); Joanna Martins (Manioca) e Tatiane Vasconcelos, do Ministério Público Federal do Pará.

Serviço: painel "Uma agenda integrada para o desenvolvimento das Amazônias", dia 16 de julho, de 11h00 às 12h30, no CANTO Coworking e Café (Av. Serzedelo Corrêa,15 - Nazaré - Belém).

Afya Amazônica: Compromisso com a saúde de quem vive longe dos centros urbanos do país

Em um momento em que os olhares do mundo se voltam para o Brasil com a chegada da COP 30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025), o projeto Afya Amazônica se destaca como uma resposta concreta aos desafios que unem saúde e meio ambiente. Idealizado pela Afya, maior hub de educação e tecnologia para a prática médica no Brasil, o projeto reúne uma série de iniciativas voltadas para as comunidades mais vulneráveis da região, muitas delas diretamente afetadas pelas mudanças climáticas. As ações reforçam a importância de integrar conhecimento acadêmico e práticas locais na construção de soluções eficazes para a realidade amazônica.

Entre os principais impactos do projeto, destaca-se a capacitação de cerca de 500 Agentes Comunitários de Saúde na região de Abaetetuba (PA), com foco em doenças relacionadas ao clima, e a terceira edição da Expedição Rios de Saúde, que levou atendimento médico à comunidade quilombola Piratuba, com cerca de dois mil habitantes. Esses esforços mostram que cuidar da Amazônia vai além da preservação ambiental: é também garantir saúde e dignidade a quem vive nas margens dos grandes rios, longe dos centros urbanos e das políticas públicas tradicionais. Em 2024, a Afya realizou mais de 846 mil atendimentos gratuitos de saúde à comunidade. Desse total, 26% aconteceram na região Norte. Só no estado do Pará foram mais de 27,5 mil atendimentos, demonstrando o alcance e a urgência de iniciativas como o Afya Amazônica em um cenário global de crise climática.