Líderes asiáticos discutem mudança do clima e fortalecem mutirão rumo à COP30

Balanço Ético Global reuniu ativistas, artistas, cientistas, representantes da sociedade civil e autoridades em Nova Délhi, na Índia.

Publicado em 3 de setembro de 2025 às 10:39

Líderes asiáticos discutem mudança do clima e fortalecem mutirão rumo à COP30.
Líderes asiáticos discutem mudança do clima e fortalecem mutirão rumo à COP30. Crédito: Divulgação

"A complacência é um desejo de morte. Nosso planeta está em chamas, e o tempo do 'mais do mesmo' acabou. Precisamos agir agora – mudando fundamentalmente nosso modo de vida, redefinindo o crescimento, interrompendo a injustiça climática e nos unindo em uma nova era de cooperação global. Vamos globalizar a compaixão para proteger nosso lar", disse Kailash Satyarthi, também fundador do Satyarthi Movement for Global Compassion (SMGC). 

O BEG traz a reflexão sobre até onde avançamos, as ações que ainda precisamos colocar em prática e as transformações de comportamento e trajetórias coletivas necessárias para atingir a meta de 1,5ºC. É inspirado no processo do primeiro Balanço Global do tratado internacional, concluído na COP28, realizada nos Emirados Árabes Unidos.

A iniciativa parte do princípio de que a humanidade já dispõe das soluções técnicas para enfrentar a mudança do clima e realizar a transformação ecológica. O que falta é o compromisso ético para colocá-las em prática. O BEG debate os caminhos para isso, mirando, sobretudo, na implementação dos acordos climáticos firmados pelos quase 200 países signatários do Acordo de Paris na última década, desde sua assinatura, em 2015.

O ponto central são as resoluções do Consenso dos Emirados Árabes Unidos, pactuado na COP28, pelo qual as nações concordaram em triplicar as energias renováveis, duplicar sua eficiência, acabar com o desmatamento e fazer a transição para o fim do uso dos combustíveis fósseis.

“Cabe a nós transformar essa agenda em ação, compromissos em resultados palpáveis para todas as regiões. O maior desafio não é mais discutir o que precisa ser feito, mas ter a coragem moral e ética de fazê-lo”, explicou Marina Silva.

Liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, o processo resultará em seis relatórios regionais e um relatório-síntese a ser entregue na Pré-COP, em outubro, em Brasília. O documento será submetido à Presidência da COP30 para consideração na formulação das decisões e envio a chefes de Estado e negociadores climáticos.

André Corrêa do Lago destacou que o Balanço Ético Global apresenta à presidência da COP30 questões de diversos setores da sociedade global que devem ser levados em consideração além das preocupações colocadas pelos países. “Nas negociações internacionais, só os países falam. Mas, no fim das contas, o que importa são as pessoas”, declarou.

Ana Toni afirmou que o Balanço Ético Global funciona como um norte para a COP30. “Nestes encontros, trazemos a bússola moral que precisamos enfrentar na COP30”. A CEO da conferência pontuou que “o tempo é nosso maior inimigo” no enfrentamento à mudança do clima. “A cada dia que não agimos, mais pessoas sofrem, seja no Brasil, na Índia ou nos EUA. O tempo é um recurso precioso ao qual, às vezes, não damos valor”, salientou.

Diálogos Regionais

O BEG ocorre a partir de Diálogos Regionais a serem realizados até outubro em diferentes continentes. O primeiro encontro foi realizado em Londres, no Reino Unido, representando a Europa, e o segundo, em Bogotá, na Colômbia, representando a América do Sul, Central e o Caribe. O papel colíder nessas regiões foi desempenhado pelas ex-presidentes da Irlanda, Mary Robinson, e do Chile, Michelle Bachelet, respectivamente.

Os próximos diálogos ocorrerão na África, sob a coliderança da ativista queniana Wanjira Mathai; na Oceania, com o ex-presidente de Kiribati, Anote Tong; e na América do Norte, com a estadunidense e fundadora do Center for Earth Ethics, Karenna Gore.

Além dos Diálogos Regionais, o BEG propõe Diálogos Autogestionados, promovidos por organizações da sociedade civil e governos nacionais e subnacionais seguindo a mesma metodologia e princípios do processo central.

O encontro em Nova Délhi foi realizado na sede do Council on Energy, Environment and Water (CEEW) e organizado com o apoio do Ministério Federal do Meio Ambiente, Proteção da Natureza e Segurança Nuclear da Alemanha.