Publicado em 8 de outubro de 2025 às 11:55
Em breve a Amazônia brasileira abrigará a maior trilha da América Latina, com quase 460 km, atravessando o estado do Pará. A estruturação e a sinalização da Trilha Amazônia Atlântica estão em fase final. O lançamento oficial do trecho será realizado durante a COP30, como parte das ações do governo brasileiro que visam aliar conservação ambiental, promoção de emprego e renda e lazer.>
Antes restrita a alguns trechos percorridos por aventureiros, a trilha agora poderá ser feita em sua totalidade. O percurso conta com mapas, sinalização, orientações para os caminhantes e o apoio de moradores locais, pequenos prestadores de serviços e empreendedores capacitados pela iniciativa. Além disso, o traçado foi planejado para garantir o menor impacto ambiental possível, permitindo a circulação da fauna e oferecendo um caminho ainda mais atrativo aos visitantes.>
A expectativa do Ministério do Meio Ambiente e da Mudança do Clima (MMA) é que, no primeiro ano de abertura da trilha, 10 mil pessoas percorram o trecho, que poderá ser feito a pé ou de bicicleta.>
De acordo com o diretor do Departamento de Áreas Protegidas do ministério, Pedro Cunha e Menezes, turistas estrangeiros interessados em trilhas na Amazônia costumam buscar destinos como Peru, Equador e Colômbia, onde já existem percursos estruturados nesse formato. A proposta é atrair parte desse fluxo internacional e também fortalecer o turismo nacional.>
Menezes ressaltou que a interligação entre as unidades de conservação proporcionada pela trilha tem papel fundamental na proteção dos animais que vivem na região. “Essa política está fazendo com que a gente passe a ter corredores florestados entre as unidades de conservação, que são usados para o turismo e recreação, mas também pela fauna, para se movimentar entre as unidades de conservação, permitindo a sua migração”, explicou.>
Ainda conforme o representante do MMA, a criação da rota faz parte da Rede Nacional de Trilhas de Longo Curso e Conectividade (RedeTrilhas) do governo federal, que visa conectar o Brasil, hoje formado principalmente por moradores de áreas urbanas, à natureza, por meio da gestão da população.>
“Uma trilha dessa é um equipamento importante para gerar orgulho e sentimento de pertencimento nas populações tradicionais do Salgado Paraense, e também ajudá-las criando uma nova alternativa de geração de emprego e renda, além das suas atividades tradicionais já preexistentes. A gente pode dizer que a trilha Amazônia Atlântica é turismo de base comunitária na veia, é a marca do governo Lula, é a marca da administração Marina Silva”, complementou Menezes.>
O trabalho está em alinhamento com a Convenção da Diversidade Biológica, da qual o Brasil é signatário. Esse tratado internacional prevê três pontos centrais: a conservação da biodiversidade, o uso sustentável dos recursos naturais e a repartição justa e equitativa dos benefícios gerados pela utilização dos recursos genéticos.>
Percurso>
O trajeto da trilha atravessa sete unidades de conservação: reservas Extrativistas Marinhas Tracuateua, Caeté-Taperaçu, Araí-Peroba, Gurupi-Piriá, a Área de Proteção Ambiental Belém, o Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia e o Parque Estadual do Utinga Camilo Vianna - e seis territórios quilombolas: Torres (Tracuateua), América (Bragança), Pitimandeua (Inhangapi), Macapazinho (Castanhal), Santíssima Trindade (Santa Isabel do Pará) e Macapazinho (Santa Isabel do Pará).>
A iniciativa foi idealizada pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (IDEFLOR-Bio), que mapeou trechos já utilizados por ciclistas. Segundo Julio Cesar Meyer, um dos responsáveis pelo projeto e atual diretor da Trilha Amazônia Atlântica, as comunidades locais também demonstravam interesse em oferecer melhor estrutura aos visitantes. De acordo com ele, essa combinação é fundamental inclusive para recuperar áreas degradadas.>
“Essas 13 áreas protegidas se tornaram atrativos relevantes. Dentro da lógica do ecoturismo, as pessoas percebem que podem aumentar a renda a partir da preservação ambiental, o que estimula tanto a conservação do que ainda existe quanto a recuperação do que já foi perdido”, afirmou Meyer.>
Veja os municípios que integram o percurso:>
Belém → Ananindeua → Marituba → Benevides → Santa Isabel do Pará → Castanhal → Inhangapi → São Francisco do Pará → Igarapé-Açu → Santa Maria do Pará → Nova Timboteua → Peixe-Boi → Capanema → Tracuateua → Bragança → Augusto Corrêa → Viseu.>
Turismo>
Pedro Cunha e Menezes destacou que o trajeto estruturado reúne uma ampla variedade de atrativos. Segundo ele, a Trilha Amazônia Atlântica permite ao visitante conhecer o modo de vida das populações extrativistas - como coletores de caranguejo, exploradores de babaçu, pequenos agricultores e pescadores - e também vivenciar a natureza em sua face atlântica, atravessando florestas, manguezais, campinas e áreas de relevo que revelam paisagens marcantes, como pores do sol de grande beleza. “Considero, particularmente, que é uma das trilhas mais bonitas do Brasil”, afirma.>
Para garantir suporte àqueles que fizerem o percurso, a plataforma digital eTrilhas lançou o projeto Trilha Amazônia Atlântica. A empresa participou do Edital de Aceleração Sustentável da EmbraturLAB e foi escolhida entre oito soluções que compuseram a etapa do edital, em que as equipes do programa de inovação apresentaram seus projetos para uma banca avaliadora.>
Pelo app eTrilhas, os visitantes poderão conhecer os prestadores de serviços nas proximidades entrando em contato diretamente com eles. Os empreendedores, por sua vez, têm seus serviços e produtos listados na plataforma para ofertá-los aos turistas. Será possível ter acesso a essa vitrine de oportunidades por meio de um QR code fixado nos estabelecimentos cadastrados.>
Esforços conjuntos>
O projeto é fruto do trabalho conjunto entre comunidades tradicionais, voluntários, o MMA, o Ministério do Turismo (MTur), a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o Instituto de IDEFLOR-Bio e a Conservação Internacional (CI).>