Publicado em 24 de junho de 2025 às 09:29
Um estudo publicado nesta terça-feira (24) na revista Nature Ecology & Evolution faz um alerta preocupante: mais de 500 espécies de aves correm risco de extinção até o final deste século. A pesquisa, conduzida por cientistas da Universidade de Reading, no Reino Unido, aponta que mudanças climáticas, destruição de habitats e outras ações humanas estão por trás desse cenário alarmante.>
Segundo os pesquisadores, esse número de possíveis extinções é três vezes maior do que todas as perdas registradas desde o ano 1500. E o impacto vai muito além do desaparecimento das espécies: a perda da diversidade de formas, tamanhos e funções ecológicas das aves pode comprometer o equilíbrio de ecossistemas inteiros.>
Nem só proteção será suficiente>
O estudo indica que, mesmo que as atividades humanas que ameaçam essas aves, como caça, desmatamento e aquecimento global, fossem totalmente controladas, cerca de 250 espécies ainda correm risco de desaparecer. Isso porque muitas delas já estão em situação tão crítica que ações mais intensas e direcionadas serão necessárias, como reprodução em cativeiro e programas de restauração de habitat.>
“Muitas aves já estão tão ameaçadas que reduzir os impactos humanos por si só não as salvará”, afirma Kerry Stewart, autora principal da pesquisa. “Essas espécies precisam de projetos especiais de recuperação para sobreviver.”>
Entre as aves em situação mais delicada estão o pássaro-guarda-chuva-de-pescoço-pelado, o calau-de-capacete e o pássaro-sol-de-barriga-amarela, todas com características únicas e funções importantes nos ambientes onde vivem.>
Estudo analisou quase 10 mil espécies>
Para chegar aos resultados, os cientistas analisaram informações de quase 10 mil espécies de aves, usando dados da Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Com base nas ameaças enfrentadas por cada espécie, foi possível prever o risco de extinção ao longo dos próximos cem anos.>
O levantamento também identificou quais grupos de aves são mais vulneráveis:>
• Aves maiores estão mais expostas à caça e às mudanças climáticas;>
• Aves com asas largas são mais afetadas pela destruição de habitats.>
Ainda há como agir>
A boa notícia é que o estudo também propõe caminhos para frear essa crise. Segundo a professora Manuela Gonzalez-Suarez, coautora da pesquisa, priorizar a conservação de apenas 100 das espécies mais distintas já evitaria cerca de 68% da perda prevista na diversidade funcional das aves, e ajudaria a manter os ecossistemas em equilíbrio.>
“Parar as ameaças não é suficiente”, diz Gonzalez-Suarez. “Entre 250 e 350 espécies precisarão de ações adicionais para sobreviver ao próximo século.”>
Além da proteção de habitats, os cientistas destacam a importância de combater a caça e as mortes acidentais, que atingem principalmente as aves com características mais raras, justamente as que desempenham papéis fundamentais na natureza.>
O recado dos pesquisadores é claro: sem ações urgentes, o mundo pode assistir à maior onda de extinções de aves da história recente. E isso não afeta apenas os pássaros, afeta todos nós, que dependemos de ecossistemas saudáveis para viver.>
Com informações da Agência Brasil>