Mais de 60% dos brasileiros consideram a Amazônia um território desconhecido

Estudo apresentado pela ASSOBIO durante a COP30 mostra que a floresta segue vista como “pulmão do mundo”, mas evento pode ajudar a atualizar essa percepção

Publicado em 18 de novembro de 2025 às 16:46

Estudo apresentado pela ASSOBIO durante a COP30 mostra que a floresta segue vista como “pulmão do mundo”, mas evento pode ajudar a atualizar essa percepção
Estudo apresentado pela ASSOBIO durante a COP30 mostra que a floresta segue vista como “pulmão do mundo”, mas evento pode ajudar a atualizar essa percepção Crédito: Antônio Cinta Larga

A Amazônia, apesar de ocupar quase metade do território nacional, ainda soa distante para a maioria dos brasileiros. É o que aponta a pesquisa “O que o Brasil pensa da Amazônia”, realizada pela Associação dos Negócios de Sociobioeconomia da Amazônia (ASSOBIO), em parceria com a FutureBrand São Paulo e apoio do Fundo Vale.

O levantamento será detalhado no painel de mesmo nome, marcado para o dia 19, às 10h, no barco Banzeiro da Esperança, ancorado no Porto Futuro II, em Belém.

Entre os dados mais expressivos está o fato de que 65% dos brasileiros afirmam não conhecer a Amazônia, seja porque nunca visitaram a região ou porque só têm contato com o tema quando a floresta vira manchete nacional. Sobre o que sentem pelo bioma, predominam emoções positivas: 47% dizem sentir admiração, 39% orgulho e 27% fascínio.

Outro ponto que chama atenção: apenas 35% sabem que a Amazônia abriga grandes cidades.

Para Paulo Reis, presidente da ASSOBIO, o desconhecimento reforça a necessidade de ampliar a visão sobre a região:

“A Amazônia não é apenas desmatamento ou problema ambiental. A sociobioeconomia prova que é possível produzir a partir dos recursos da floresta, gerando renda, conservando a natureza e fortalecendo comunidades. É isso que estamos mostrando nesta COP.”

O estudo também revela que o termo bioeconomia ainda não faz parte da rotina dos brasileiros: só 34% dizem compreender o conceito, geralmente associado à sustentabilidade. Mesmo assim, há uma percepção positiva sobre o potencial da região: 82% acreditam que a Amazônia pode se desenvolver sem destruir a floresta, e 83% veem o consumo de produtos amazônicos como forma de apoiar comunidades locais.

O consumo, no entanto, esbarra na falta de acesso: 54% não encontram produtos amazônicos onde vivem, e 34% não sabem identificá-los. Em compensação, 84% dos entrevistados confiam em selos e certificações para garantir origem e responsabilidade ambiental, e 42% demonstram interesse em adquirir itens da bioeconomia — especialmente alimentos (84%) e cosméticos (80%).

Lançada durante a Climate Week, em Nova York, a pesquisa funciona como um termômetro do debate que deve se intensificar durante e após a COP30. Para Márcia Soares, gerente de Amazônia e Parcerias do Fundo Vale, enxergar a região em sua complexidade é fundamental:

“A Amazônia é diversa e não se encaixa em um único modelo. Nosso trabalho tem sido construir arranjos de impacto positivo que respeitem as realidades locais. A COP aproxima não só o mundo, mas também o próprio Brasil, da Amazônia.”

O levantamento reforça um ponto central: a Amazônia é mais do que um bioma, é um reflexo do país e pode se consolidar como referência de economia sustentável para o mundo.