Marina Silva aponta financiamento climático e governança internacional como eixos centrais rumo à COP30

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima destacou na Pre-COP a urgência de ampliar o financiamento para a natureza, fortalecer a bioeconomia e integrar o debate sobre os oceanos à agenda climática.

Publicado em 14 de outubro de 2025 às 10:19

Marina Silva destacou que o fortalecimento do financiamento à natureza é essencial para cumprir os compromissos climáticos.
Marina Silva destacou que o fortalecimento do financiamento à natureza é essencial para cumprir os compromissos climáticos. Crédito: Rafa Neddermeyer/COP30

Durante a Pre-COP, que iniciou nesta segunda-feira (13), foi destacada a importância de ampliar o financiamento para a natureza para alcançar os compromissos climáticos. Segundo a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, é preciso fortalecer os meios de implementação por meio da mobilização de recursos financeiros e de incentivos positivos. 

“Em 2023, na COP 28, em Dubai, alcançaram-se alguns consensos importantes. Graças ao primeiro balanço global, constatou-se a insuficiência no cumprimento das metas de redução de CO₂. Pela primeira vez, os países foram convocados a realizar uma transição justa e planejada para longe dos combustíveis fósseis e do desmatamento. Para isso, é essencial fortalecer os meios de implementação, mobilizando recursos financeiros, fortalecendo incentivos positivos e criando instrumentos inovadores”, afirmou.

Na ocasião, a ministra também reforçou a necessidade de mobilizar recursos para o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês). A iniciativa prevê pagamentos a países que garantam a conservação dessas florestas e busca preencher uma lacuna de recursos destinados à sua proteção.

“Estima-se a necessidade de 282 bilhões de dólares por ano para a proteção das florestas, mas, hoje, contamos com apenas um quarto desse valor. Para preencher essa lacuna, precisamos mobilizar um conjunto de ações concretas de financiamento para a natureza. O Fundo Florestas Tropicais para Sempre é uma dessas iniciativas”, destacou.

Liderado por 12 nações, o fundo poderá beneficiar mais de 70 países em desenvolvimento com florestas tropicais e se tornar um dos maiores instrumentos multilaterais já criados no planeta. “Não se trata de doação, mas de investimento. O TFFF busca garantir fluxos financeiros perenes para proteger a natureza e remunerar os serviços ecossistemas, valorizando o papel dos povos indígenas e comunidades locais. Quando estiver em operação, poderá gerar 4 bilhões de dólares por ano, quase três vezes o volume atual de financiamento internacional para florestas.”

Bioeconomia

Ações de incentivos à bioeconomia também foram lembradas pela ministra do Meio Ambiente durante a fala. Para ela, é preciso investir também na bioeconomia, na conservação e uso sustentável das florestas em pé.

“Os 10 princípios da bioeconomia do G20 aprovados sobre a presidência brasileira dão os contornos dessa nova economia que precisamos construir de forma regenerativa, inclusiva e sustentável, criando um novo ciclo de prosperidade. Cada país, com suas particularidades e circunstâncias nacionais, poderá trilhar seu caminho, mas todos precisarão implementar com base na cooperação internacional, na solidariedade, na ciência e na ética.”

Oceano

Marina Silva alertou ainda para o desequilíbrio no financiamento destinado à conservação marinha. Atualmente, os recursos somam cerca de 1,2 bilhão de dólares por ano, quando seriam necessários aproximadamente 16 bilhões. A ministra enfatizou que a proteção dos oceanos é parte inseparável da agenda climática e que as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) também precisam contemplar metas voltadas ao ambiente marinho.

Encerrando sua participação, Marina reforçou a necessidade de uma mobilização global em defesa da natureza. Segundo ela, somente um esforço conjunto, ou seja, um “mutirão pela natureza, pela floresta e pelo oceano”, será capaz de transformar ideias em impacto, visão em ação e decisões em resultados efetivos para o planeta.