Mata Atlântica na COP30: casa destaca urgência da conservação e restauração contra crise climática

O evento inicia na próxima quarta-feira (12), é de graça e conta com a participação da atriz brasileira Lucélia Santos

Publicado em 10 de novembro de 2025 às 08:48

Mata Atlântica na COP30: casa destaca urgência da conservação e restauração contra crise climática - 
Mata Atlântica na COP30: casa destaca urgência da conservação e restauração contra crise climática -  Crédito: Divulgação

De 12 a 15 deste mês, a Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA) abre as portas da Casa da Mata Atlântica, em Belém, durante a COP30, reafirmando o protagonismo de um bioma essencial para o equilíbrio climático, a proteção da biodiversidade e o bem-estar das pessoas.

Embora o foco principal da COP30 seja a Amazônia, a RMA chama atenção para a interdependência entre os biomas brasileiros. Sem a Mata Atlântica, não há futuro climático possível para o Brasil.

“A Mata Atlântica é onde grande parte do Brasil urbano vive, produz e consome. Conservar e restaurar esse bioma é reconstruir o país que queremos — justo, resiliente e comprometido com a vida”, resume Tânia Martins, coordenadora-geral da RMA.

Instalada na Universidade da Amazônia (Unama), bairro Umarizal, a Casa será um espaço de diálogo, mobilização e incidência política, reunindo pesquisadores, ambientalistas, lideranças comunitárias, gestores públicos e artistas, inclusive a atriz Brasileira Lucélia Santos, em torno de uma agenda urgente: conservar o que resta e fortalecer a proteção da Mata Atlântica — o bioma mais ameaçado e estratégico do Brasil. O projeto conta com o apoio da Fundação SOS Mata Atlântica e do Fundo Casa Socioambiental.

Durante quatro dias, com programação gratuita e aberta ao público, a Casa sediará painéis, debates, oficinas e apresentações culturais que conectam ciência, arte e políticas públicas.

Painel de abertura e convidados

O lançamento será na quarta-feira (12), às 19h, com o painel “A Amazônia recebe a Mata Atlântica”, que contará com a participação de João Paulo Capobianco, secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima; João Cláudio Arroyo, economista e professor da Unama; Nilto Tatto, deputado federal e militante socioambiental; Ivan Valente, deputado federal e debatedor das questões climáticas; e Tânia Martins, coordenadora-geral da RMA.

A jornalista e escritora Cristina Serra será a mestre de cerimônia. Os debates temáticos abordarão conservação da biodiversidade, restauração ecológica, justiça climática, transição energética e bioeconomia. O encerramento musical, Música da Floresta, será com Sandra Duailib.

Entre as presenças confirmadas estão também Antônio Herman Benjamin, presidente do STJ e referência mundial em Direito Ambiental, e Lucélia Santos, atriz e ambientalista. Cristina Serra fará o lançamento do livro Cidade Rachada.

As oficinas e rodas de conversa tratarão de biomimética, educação ambiental e protagonismo feminino, enquanto a Feira da Restauração e a Marcha pelo Clima integram a programação da sociedade civil.

O bioma mais ameaçado — e o mais estratégico

A Mata Atlântica já perdeu quase 70% de sua cobertura original e concentra o maior número de espécies ameaçadas de extinção no país. Mesmo assim, abriga a maior parte da população brasileira, onde nascem as principais bacias hidrográficas e se concentram os serviços ecossistêmicos que garantem água, clima estável e qualidade de vida.

Mais do que um patrimônio natural, a Mata Atlântica é infraestrutura ecológica vital. Conservar suas florestas maduras é preservar as condições que sustentam o país — da economia à segurança hídrica.

“Não basta restaurar o que foi destruído. É preciso garantir que o que ainda existe seja efetivamente protegido”, reforça Tânia Martins. “A Casa da Mata Atlântica nasce para reafirmar o valor da conservação, da criação de novas Unidades de Conservação e da defesa das florestas que resistem.”

Conservação e restauração: caminhos complementares

A restauração florestal é parte essencial da agenda ambiental, mas, segundo dados recentes da SOS Mata Atlântica, restaurar não é suficiente se o desmatamento continuar. Muitas áreas em regeneração voltam a ser suprimidas poucos anos depois.

Por isso, a Casa reforça que a prioridade é conservar as florestas maduras ainda existentes, promovendo a restauração como estratégia complementar de recomposição ecológica e reconexão de paisagens.

Além de promover debates sobre restauração e clima, a Casa da Mata Atlântica vai destacar a importância da biodiversidade, defendendo a criação e efetivação de novas Unidades de Conservação (UCs) — fundamentais para frear a perda de espécies e garantir o cumprimento das metas globais de proteção da natureza.

Uma construção coletiva

A presença de organizações da sociedade civil na Casa da Mata Atlântica reafirma o protagonismo coletivo na defesa ambiental e na formulação de políticas públicas voltadas à conservação do bioma. Participam entidades que atuam em diferentes frentes — da educação ambiental à justiça climática, do fortalecimento comunitário à restauração ecológica.

Entre as organizações estão: Funbea, Rebea, Defensores do Planeta, AMLD, SER e Instituto 5 Elementos, além de diversas redes e movimentos parceiros como Apremavi, Movimento Mais Floresta pra São Paulo, Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, ISA, WWF-Brasil, IDS, Gambá, Anama, Observatório do Código Florestal, Rede Mineira de Educação Ambiental, Rede de Mulheres Ambientalistas da América Latina e o FBOMS, entre outros.

Essa atuação conjunta reforça a pluralidade de saberes e estratégias que sustentam a conservação da Mata Atlântica e a luta por um futuro climático justo e equilibrado.

Acesse os links abaixo e confira a programação completa: