Mudanças climáticas e Doença de Chagas: um alerta para a saúde na Amazônia

Aumento de temperaturas e alterações no ambiente favorecem o avanço da doença. Os médicos pedem cuidados redobrados

Publicado em 3 de junho de 2025 às 10:55

Dr. Fagner - 
Dr. Fagner -  Crédito: Divulgação

A relação entre mudanças climáticas e saúde pública é cada vez mais evidente, e na Amazônia, essa conexão se manifesta de forma preocupante com o aumento de casos da Doença de Chagas, por exemplo. Dados do Serviço Especializado em Doenças de Chagas de Abaetetuba (SEDECA), da Secretaria de Saúde de Abaetetuba, na região nordeste paraense, revelaram que de janeiro de 2024 até abril deste ano já foram confirmados 276 casos da Doença de Chagas crônica em pacientes sem sintomas na cidade. Outros 272 casos estão em investigação para confirmação laboratorial do Laboratório Central de Saúde Pública (LACEN), em Belém.

Por conta dos casos endêmicos da Doença de Chagas, o município de Abaetetuba já faz parte do Projeto Integra Chagas Amazônia, coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz, Rio de Janeiro, que escolheu o município como cidade-piloto para rastrear a forma crônica da doença.

“"O conhecimento do número de casos é reflexo da atuação do Projeto Integra Chagas e do Serviço Especializado em Doenças de Chagas de Abaetetuba (SEDCA), que já realizaram mais de 26.000 testes rápidos, dos quais deram mais de 1.700 testes positivos que permitiram mapear e diagnosticar casos que antes estavam ocultos. Os cuidados precisam ser redobrados. Isso porque a doença fica assintomática por anos, mas os dados mostram que entre 10% e 30% dos pacientes, há manifestações de complicações cardíacas (arritmias, insuficiência cardíaca) ou digestivas (megaesôfago, megacólon), ou mesmo formas combinadas, que são consequências do Mal de Chagas que estavam ocultos”, alerta Fagner Carvalho, médico com especialização em infectologia, professor da Afya Faculdade de Ciências Médicas de Abaetetuba e coordenador do Serviço Especializado em Doença de Chagas (SEDCA), em Abaetetuba.

Clima, desmatamento e açaí contaminado: combinação perigosa

As mudanças climáticas intensificaram os extremos de temperatura e umidade, condições ideais para a proliferação dos barbeiros. Além disso, o avanço do desmatamento e o deslocamento de populações para áreas de floresta têm aumentado o contato entre pessoas, vetores e animais silvestres, favorecendo a transmissão da doença.

Outro fator crítico é o consumo de alimentos contaminados, especialmente o açaí, que na forma não higienizada pode conter fragmentos de barbeiros esmagados durante o processamento do fruto.

“A Doença de Chagas aguda transmitida oralmente já representa a maioria dos casos registrados na Amazônia. Isso está diretamente ligado ao modo de produção de alimentos em um contexto ambiental fragilizado. Quem manuseia o açaí deve adotar cuidados redobrados com o fruto. É importante essa conscientização para a segurança alimentar de todos”, explica o Dr. Fagner Carvalho.

Histórias reais e soluções urgentes

No dia 10 de junho, a unidade de pós-graduação da Afya Educação Médica Belém vai sediar um amplo debate sobre os impactos das mudanças climáticas na saúde da população da Amazônia. No evento “Saúde e clima na Amazônia: histórias reais, soluções urgentes” especialistas, jornalistas e articuladores sociais vão expor as consequências das transformações climáticas na saúde de quem vive na região. Um dos palestrantes será o Dr. Fagner Carvalho.

“É importante o debate para que possarmos propor ações efetivas que aliem saúde, meio ambiente e segurança alimentar para conter o aumento dos casos no município e na região”, enfatiza o médico.

Serviço - O Exame ESG Summit sobre“Saúde e clima na Amazônia: histórias reais, soluções urgentes” será realizado no dia 10/06, das 9h às 12h, na unidade da Afya Educação Médica Belém, que fica na Travessa Dr. Moraes, 79, bairro de Nazaré, no centro da capital paraense. Outras informações estão disponíveis no link.

SOBRE AFYA

A Afya, maior hub de educação e tecnologia para a prática médica no Brasil, reúne 38 Instituições de Ensino Superior em todas as regiões do país, 33 delas com cursos de medicina e 20 unidades promovendo pós-graduação e educação continuada em áreas médicas e de saúde. São 3.653 vagas de medicina autorizadas pelo Ministério da Educação (MEC), com mais de 23 mil alunos formados nos últimos 25 anos.

Pioneira em práticas digitais para aprendizagem contínua e suporte ao exercício da medicina, 1 a cada 3 médicos e estudantes de medicina no país utiliza ao menos uma solução digital do portfólio, como Afya Whitebook, Afya iClinic e Afya Papers. Primeira empresa de educação médica a abrir capital na Nasdaq em 2019, a Afya recebeu prêmios do jornal Valor Econômico, incluindo "Valor Inovação" (2023) como a mais inovadora do Brasil, e "Valor 1000" (2021, 2023 e 2024) como a melhor empresa de educação. Virgílio Gibbon, CEO da Afya, foi reconhecido como o melhor CEO na área de Educação pelo prêmio "Executivo de Valor" (2023). Em 2024, a empresa passou a integrar o programa “Liderança com ImPacto”, do Pacto Global da ONU no Brasil, como porta-voz da ODS 3 - Saúde e Bem-Estar. Mais informações clique aqui e ou no link.