Publicado em 26 de setembro de 2025 às 22:22
A partir do dia 4 de outubro, Belém ganhará um espaço cultural dedicado a valorizar a ciência e a tecnologia das Amazônias. Localizado no Porto Futuro II, o espaço foi projetado para ser uma referência em práticas museológicas inovadoras, inclusivas e conectadas aos territórios. O museu nasce com a missão de valorizar a identidade e a diversidade da região, reverberando a pluralidade de vozes e saberes que compõem o maior bioma tropical do planeta.>
O museu faz parte do conjunto de obras realizadas pelo Governo do Pará e ficará como legado da COP30 à capital paraense. Com sua inauguração, Belém passará a abrigar um dos principais museus dedicados à cultura, ciência, sustentabilidade e tecnologia da região, reafirmando o papel da Amazônia no centro dos debates globais atuais.>
“Nossa missão é garantir que o Museu das Amazônias seja um espelho e um vórtice que, a um só tempo, reflete e integra as pluridiversidades da região, equacionando as diretrizes estratégicas do Governo do Pará com as contribuições fundamentais das instituições parceiras no rico processo de implementação. As múltiplas dimensões simbólicas deste equipamento cultural, que já nasce integrado a um ecossistema de sociobioeconomia secular, nos estimulam a pensar um museu que irradiará imaginações de um futuro sustentável, justo, criativo e próspero para as Amazônias e suas gentes.”, destaca a secretária de Cultura do Pará, Ursula Vidal.>
O novo equipamento faz parte do Sistema Integrado de Museus e Memoriais (SIMM) da Secretaria de Estado de Cultura do Pará e foi implementado pelo idg- Instituto de Desenvolvimento e Gestão, em parceria com o Museu Goeldi. O idg tem ampla experiência na concepção e gestão de equipamentos culturais em todo o Brasil, sendo responsável por instituições de referência como os Museus do Amanhã e do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, o Museu das Favelas, em São Paulo, e o Paço do Frevo, no Recife.>
“Conduzir a implementação do Museu das Amazônias enriqueceu, de forma singular, a trajetória do idg. É um imenso orgulho ter participado desse processo coletivo e transformador que, ao lado de parceiros que integram a história de luta da Amazônia, ampliou nossos horizontes e nos aproximou de importantes causas pelo respeito à natureza, pela ciência e pelos saberes ancestrais”, destaca Ricardo Piquet, diretor-geral do idg, que ainda completa dizendo que esse novo espaço de ciências e cultura será um dos grandes legados da COP30, dará visibilidade a temas urgentes do presente e inspirará futuros desejáveis.>
O Museu das Amazônias nasceu de um Plano de Escutas amplo e contínuo, reunindo diversas vozes da Pan-Amazônia. Antes de ter paredes erguidas, o museu foi concebido a partir de diálogos sobre memória, ancestralidade, espiritualidade, ciência, natureza e futuro, que constituíram a base viva de sua missão.>
Além do processo de escutas, a criação do Comitê Executivo foi um marco que reafirma o caráter colaborativo que deu origem ao projeto. Mais que um órgão de gestão, o comitê acompanha de perto a implementação e o funcionamento do museu para assegurar que cada ação esteja em sintonia com a pluralidade que o inspira.>
Formado por representantes da Secult/PA, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), do Instituto Cultural Vale (ICV), do CAF - Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe, além do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do idg e do Museu Goeldi, o comitê estabelece diretrizes de comunicação, programação e sustentabilidade financeira.>
"Este é um projeto que congrega ciência, cultura, pesquisa, extensão, educação e sustentabilidade. Quando você coloca a ciência e a cultura juntas, abrem-se horizontes muito diversos. O Museu das Amazônias nasce como um espaço de valorização do conhecimento, da memória e da biodiversidade, uma plataforma permanente com o objetivo de retratar um dos biomas mais importantes do mundo, as comunidades da floresta e toda a sua biodiversidade, contribuindo para o diálogo sobre desenvolvimento sustentável e conservação ambiental", pontuou Luciana Santos, ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil.>
“O BNDES, que apoia iniciativas como esta, reforça seu compromisso com a valorização da Amazônia e com a promoção de um futuro sustentável”, destaca Aloizio Mercadante, presidente do banco.>
Já Gustavo Pimenta, presidente da Vale, afirma que “o museu é um marco da requalificação urbana da área portuária de Belém. É um espaço plural, com um olhar sobre a diversidade das Amazônias: suas diferentes identidades, geografias, culturas, tempos e povos. Esta iniciativa se conecta à nossa atuação na região, onde estamos há 40 anos, como um dos principais agentes de desenvolvimento sustentável da Amazônia”. Gustavo Pimenta ainda diz que “a valorização da cultura amazônida se une a um conjunto de iniciativas que temos realizado, fomentando a bioeconomia e protegendo a floresta em pé. Além disso, atuamos em pesquisa e produção de conhecimento em áreas como biodiversidade, genômica e mudanças climáticas.">
O CAF - Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe contribui de forma permanente como ponte para garantir a qualidade da presença das sociedades dos países amazônicos nos conteúdos a serem apresentados. Sergio Díaz-Granados, presidente-executivo do banco, descreve que “participar desde os primeiros traços desse projeto transformador foi um privilégio que reafirma o compromisso da instituição com uma Pan-Amazônia plural, resiliente e criativa, onde a cultura é um instrumento poderoso de transformação social, cooperação regional e consciência ambiental".>
Para Nilson Gabas Júnior, diretor do Museu Goeldi, que participou do processo de concepção e implementação do Museu das Amazônias, “o novo museu nasce com a missão de democratizar e ampliar o acesso ao conhecimento sobre a região, promovendo também a conservação e o protagonismo local, por meio de experiências inovadoras em sintonia com a trajetória do Museu Goeldi, que há um século e meio cumpre esse papel e agora o reforça ao participar ativamente da criação deste novo equipamento cultural.”>
Curadoria plural>
A comissão curatorial do Museu das Amazônias é mais um pilar que reafirma o caráter coletivo do projeto. Integram a equipe a antropóloga, fotógrafa, cineasta e pesquisadora do povo Baniwa, Francy Baniwa; a ecóloga da Embrapa Amazônia Oriental, Joice Ferreira; e a arqueóloga do Museu Paraense Emílio Goeldi, Helena Lima - profissionais cujas perspectivas diversas se complementam na orientação e construção do museu.>
A curadoria do Museu das Amazônias traduz a força da diversidade como caminho para a inovação cultural e científica. Com trajetórias distintas, Francy Baniwa, Joice Ferreira e Helena Lima reúnem saberes que vão da ancestralidade indígena e das expressões artísticas à pesquisa ecológica e arqueológica, criando um diálogo entre ciência, tradição e memória. Essa pluralidade de vivências amplia as possibilidades de interpretação da Amazônia, tornando o museu um espaço vivo, múltiplo e profundamente conectado à complexidade da região.>
“Feito por muitas mãos, o projeto destaca a produção de conhecimentos e tecnologias ancestrais e inovadoras no território e sua diversidade sociobiocultural, ou seja, a integração entre os mundos cultural e biológico. Ajurí quer dizer ‘eu vim ajudar’. Na construção de um museu-mutirão, feito com escuta, trocas e criação coletiva, formamos um todo ao reunir diferentes modos de ver e tecer a realidade”, reforça a Comissão Curatorial.>
Exposições de abertura>
O Museu das Amazônias abrirá com duas exposições de destaque. No térreo, estará a mostra internacional "Amazônia", do fotógrafo Sebastião Salgado, apresentada pela primeira vez no Norte do Brasil. Reunindo cerca de 200 fotografias em preto e branco, resultado de sete anos de expedições pela região, a exposição propõe uma reflexão sobre a preservação da floresta e o papel das comunidades indígenas que nela vivem, evidenciando tanto a complexidade dos modos de vida quanto a vulnerabilidade do ecossistema.>
A exposição já passou por Paris, Londres, São Paulo e pelo Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. Durante a abertura, será apresentada ao público por Juliano Salgado, filho do fotógrafo, falecido em maio deste ano.>
No mezanino, o público poderá visitar a exposição “Ajurí”, concebida pelo IDG - Instituto de Desenvolvimento e Gestão - especialmente para o Museu das Amazônias. O título, de origem indígena, remete ao mutirão e à colaboração, conceitos que inspiraram o processo coletivo de criação do museu.>
A exposição valoriza o uso de materiais orgânicos típicos das Amazônias, como fibras de coco, taboa e miriti. Entre os destaques está um móbile com mais de 1.500 animais feitos de fibra de miriti, produzido por artesãos de Abaetetuba, cidade paraense reconhecida nacionalmente pela produção dessas peças tradicionais.>
A mostra reúne oito instalações de artistas da região Norte e de outras partes do Brasil, em linguagens que incluem pintura, fotografia, vídeo, escultura e experiências imersivas. Está organizada em três áreas: “Amazônias no Plural” celebra a diversidade sociobiocultural e os diferentes modos de viver; “Ameaças e Crise” aborda o colapso ambiental em curso, com destaque para o “piroceno” e seus impactos; e “A União como Ensinamento” apresenta o ajurí como símbolo de resistência e coletividade.>
Participam da mostra artistas amazônidas como Carina Horopakó (AM), Evna Moura (PA), Karla Martins (AC), Paulo Desana (AM), PV Dias (PA), Roberta Carvalho (PA), Valdeli Costa (PA) e Will Love (PA), ao lado de nomes de projeção nacional como Estêvão Ciavatta Pantoja (RJ), Gabriel Kozlowski (SP) e Wesley Lee (SP).>
Estrutura do espaço>
O Museu das Amazônias conta com dois grandes espaços expositivos, de 950 m² e 500 m², além de uma loja, uma sala multiuso e uma sala educativa de 77 m². A sala multiuso dispõe de estrutura modular, recursos multimídia e capacidade para 130 pessoas sentadas. Cada ambiente foi concebido para receber programações que dialogam com sua própria estrutura, integrando ciência, arte e tecnologia a temas que valorizam a história dos povos amazônidas.>
Serviço>
Endereço: Armazém 4A do Complexo do Porto Futuro II, bairro do Reduto – Belém/PA>
Funcionamento: de quinta a terça-feira, das 10h às 18h (última entrada às 17h). Fechado às quartas-feiras para manutenção.>
A entrada será gratuita durante a fase inicial de abertura do museu, até fevereiro de 2026.>
Horário especial: entre os dias 4 e 10 de outubro, o funcionamento será das 10h às 20h. Nos dias 11 e 12 de outubro, o museu estará fechado em razão do Círio de Nazaré.>