Projeto 'Mangues da Amazônia' usa o mangue como sala de aula e transforma a educação em comunidades do Pará

O projeto também promove reflorestamento de áreas degradadas, mapeamento do manguezal e ações de educação ambiental

Publicado em 21 de junho de 2025 às 08:33

Professora Pamela Gonsalves em Ajuruteua, em Bragança, nordeste paraense
Professora Pamela Gonsalves em Ajuruteua, em Bragança, nordeste paraense Crédito: Fernando Frazão/Agência Brasil

O projeto Mangues da Amazônia vem promovendo educação, conservação ambiental e inclusão social em comunidades que vivem próximas aos manguezais. A iniciativa atua nos municípios de Bragança, Tracuateua, Augusto Corrêa e Viseu, no Pará, beneficiando diretamente cerca de 5,6 mil pessoas

Um dos destaques do projeto é o AlfaMangue, uma ação de reforço escolar voltada para crianças com dificuldades de leitura e escrita. As aulas acontecem em contraturnos e aos fins de semana, usando o próprio manguezal como espaço de aprendizagem. As raízes do mangue viram cadeiras, e o vocabulário é inspirado no cotidiano: “R” de rancho, “O” de ostra e “M” de mangue.

Em Bragança, cerca de 25 crianças da Vila dos Pescadores participam do AlfaMangue. A comunidade não tem escola própria, e muitos alunos faltam às aulas regulares por causa da maré alta, que impede a travessia até a vila vizinha. Com o reforço, os alunos aprendem de forma lúdica, com jogos, desenhos e observações da natureza local.

O impacto vai além da alfabetização. Pais e responsáveis também se envolvem. É o caso de Rutelene Sousa, que voltou a estudar na Educação de Jovens e Adultos (EJA) após ver o progresso da filha, aluna do projeto. “Hoje ela sabe ler. E eu também voltei a sonhar com meu diploma”, afirma.

O projeto também promove reflorestamento de áreas degradadas, mapeamento do manguezal e ações de educação ambiental. Na Vila do Tamatateua, por exemplo, mulheres da comunidade cuidam de viveiros de mudas e atuam na conscientização sobre a preservação dos mangues. Uma delas é Edite Ribeiro, de 61 anos, que está prestes a se formar em Educação do Campo. “O mangue é nossa vida, nossa história. Estudar é compreender isso e lutar pelo que é nosso”, diz.

O Mangues da Amazônia prova que preservar o meio ambiente e garantir o direito à educação podem, e devem, caminhar juntos.

Com informações da Agência Brasil