Recibos da dívida climática tomaram as ruas de Belém na madrugada desta segunda

Nova ação da campanha “A Gente COBRA”, da Aliança dos Povos pelo Clima, espalha lambe-lambe em pontos estratégicos da cidade com recibos de cobrança que simbolizam a dívida histórica dos países ricos com o clima e os povos da floresta.

Publicado em 10 de novembro de 2025 às 12:35

Horas antes do início oficial da COP30, a Aliança dos Povos pelo Clima realizou uma nova ação.
Horas antes do início oficial da COP30, a Aliança dos Povos pelo Clima realizou uma nova ação. Crédito: Divulgação

Na madrugada desta segunda-feira (10), poucas horas antes do início oficial da COP30, a Aliança dos Povos pelo Clima realizou uma nova ação da campanha “A Gente COBRA – Financiamento Climático Direto para Quem Cuida da Floresta”, que propõe um novo paradigma para o financiamento climático: recursos diretos, desburocratizados e baseados na confiança com povos e comunidades que garantem a preservação dos biomas. Jovens lideranças da articulação espalharam lambe-lambe com “recibos de cobrança” em diferentes pontos de Belém, chamando atenção para a dívida climática do Norte Global com os povos e territórios do Sul.

Inspirados na linguagem dos boletos, os recibos trazem valores e países devedores, como Estados Unidos, Alemanha e Japão. Os dados são baseados em análises do World Resources Institute (WRI), que mede a responsabilidade histórica de emissões e a capacidade econômica de cada país para financiar a ação climática internacional.

“A dívida climática não é metáfora: ela se traduz em perdas de vidas, territórios e biodiversidade. O que cobramos é justiça, que os recursos cheguem diretamente a quem protege a floresta todos os dias”, afirma Sara Lima, pescadora da Volta Grande Xingu e atingida por Belo Monte, que integra a Aliança.

A ação reforça o pedido central da Aliança dos Povos pelo Clima: que 50% dos recursos dos fundos climáticos internacionais sejam destinados diretamente a povos indígenas, comunidades tradicionais e populações locais, com participação deliberativa nos conselhos de decisão. Também reivindica a taxação global das grandes fortunas e lucros excessivos para financiar a transição justa e a adaptação climática.

Sobre a Aliança

A Aliança dos Povos pelo Clima é uma articulação que reúne lideranças indígenas, quilombolas, extrativistas, ribeirinhas, beiradeiras e juventudes urbanas em torno de um novo pacto coletivo pela justiça climática. Herdeira da histórica Aliança dos Povos da Floresta, criada nos anos 1980 por Chico Mendes, Raoni Metuktire, Ailton Krenak e outras lideranças, a nova Aliança amplia esse legado diante da emergência climática global, propondo caminhos para um futuro sustentável e plural.