Publicado em 29 de outubro de 2025 às 09:49
O Secretariado da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) divulgou hoje o Relatório de síntese de 2025 sobre as contribuições determinadas nacionalmente (NDCs), oferecendo o retrato mais recente dos compromissos climáticos nacionais e do progresso rumo às metas do Acordo de Paris. O documento analisa 64 novas NDCs submetidas entre 1º de janeiro de 2024 e 30 de setembro de 2025 — representando cerca de um terço das emissões globais — e destaca uma crescente convergência entre ação climática nacional, metas de neutralidade de carbono de longo prazo e caminhos acelerados para o desenvolvimento sustentável.>
Segundo o relatório, 89% das Partes incluem agora metas abrangentes para toda a economia que, em sua maioria, estão vinculadas as estratégias de neutralidade líquida, com metas entre 2040 e 2060. Coletivamente, essas novas NDCs projetam uma redução de 17% nas emissões em relação aos níveis de 2019 até 2035 — um sinal de ambição crescente, embora ainda insuficiente para limitar o aquecimento global a 1,5 °C.>
Quase todos os países (98%) relataram medidas domésticas de mitigação e 80% delas se concentraram em pelo menos uma das seis áreas de mitigação de baixo custo e alto impacto identificadas pela UNFCCC. Dentre elas, o reflorestamento, a energia solar e a redução do desmatamento se destacam como áreas de forte potencial que mais demandam apoio. Três em cada quatro partes (75%) incluíram metas quantitativas voltadas a esforços globais, como triplicar a capacidade de energia renovável ou ampliar iniciativas de hidrogênio de baixo carbono e de captura de carbono.>
Para André Corrêa do Lago, presidente designado da COP30, "o relatório de síntese do secretariado demonstra que os países agora concebem e implementam as NDCs como instrumentos de desenvolvimento que vão muito além de metas numéricas, abrangendo todas as dimensões da ação e da ambição climática — da adaptação e mitigação ao financiamento, tecnologia e capacitação — em esforços que envolvem governos, economias e sociedades inteiras. Esse relatório estabelece uma missão coletiva para a COP30: responder à urgência climática por meio da implementação acelerada, da solidariedade e da cooperação internacional ambiciosa, como uma ponte de Belém para o próximo ciclo de políticas do Acordo de Paris.>
A CEO da COP30, Ana Toni, acrescentou: "Como diz o presidente Lula, a COP30 será a 'COP da Verdade', para testar nosso compromisso com o multilateralismo climático e com a aceleração da implementação do Acordo de Paris, conectando o regime às realidades das pessoas. Saudamos as NDCs aprimoradas, que respondem ao Balanço Global, e incentivamos as Partes que ainda não submeteram suas atualizações a fazê-lo. Isso será fundamental para fazer da COP30 o palco de um momento decisivo na história do multilateralismo”.>
Juntas, suas declarações apresentam o Relatório Síntese 2025 das NDCs como um chamado à ação e uma verificação de progresso antes da COP30, que será realizada em Belém. Embora a ambição esteja crescendo, o quadro global continua incompleto, e os próximos meses serão decisivos para acelerar a ação e preencher as lacunas restantes.>
O relatório alerta que suas conclusões refletem apenas uma visão parcial, pois as 64 NDCs analisadas são responsáveis por aproximadamente 30% das emissões globais. Para fornecer um panorama mais completo antes da COP30, o Secretariado da UNFCCC também considerou metas adicionais apresentadas ou anunciadas até a data da publicação, incluindo aquelas apresentadas na "Cúpula das NDCs em Nova York" durante a 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU), em setembro de 2025.>
Em conjunto, essas contribuições, ainda que incompletas, sugerem que as emissões globais poderiam cair cerca de 10% até 2035, segundo Simon Stiell, Secretário Executivo da ONU para Mudanças Climáticas, que observou em sua declaração hoje"a direção da jornada está melhorando a cada ano, mas precisamos acelerar o ritmo com urgência".>
Integração de adaptação, gênero e transição justa>
O Relatório Síntese 2025 das NDCs também documenta avanços significativos na integração da adaptação, igualdade de gênero e inclusão social no planejamento climático:>
• 73% das Partes agora incluem componentes de adaptação em suas NDCs, a maioria alinhada ao Marco dos Emirados Árabes Unidos para Resiliência Climática Global.>
• 89% mencionam medidas sensíveis a gênero; 95% relatam o envolvimento de atores não estatais; e 88% incluem crianças e jovens como agentes de mudança.>
• 70% das Partes consideram explicitamente os princípios da transição justa para garantir que a mudança para economias de baixo carbono e resilientes às alterações climáticas sejam justas e inclusivas.>
Essas conclusões confirmam que as NDCs estão evoluindo para instrumentos que abrangem todo o governo, toda a economia e toda a sociedade, conectando a ambição climática nacional com a equidade social e o desenvolvimento sustentável para acelerar a implementação.>
Resposta ao Balanço Global e Expansão da Cooperação sob o Artigo 6>
O relatório mostra que 88% dos países utilizaram o primeiro Balanço Global (GST) para orientar suas novas NDCs — um sinal claro de que o processo está impulsionando maior ambição e coerência entre mitigação, adaptação e meios de implementação.>
Enquanto isso, 89% das Partes indicam planos de participar de cooperação voluntária sob o Artigo 6 do Acordo de Paris, por meio de mecanismos de mercado de carbono ou abordagens não mercadológicas — sinalizando crescente confiança nos marcos de cooperação internacional para ampliar ação e financiamento.>
Fortalecimento da Cooperação Internacional e do Financiamento>
O relatório reafirma que 97% das partes identificam a cooperação internacional como essencial para implementar suas NDCs e que 75% apontam necessidades financeiras específicas, totalizando quase USD 2 trilhões, dos quais cerca de USD 560 bilhões são destinados à adaptação. Florestas, oceanos e estratégias de transição justa se destacam como áreas prioritárias para apoio internacional direcionado.>
Um Chamado para Acelerar a Implementação do Acordo de Paris>
Uma década após a COP21, o Acordo de Paris permanece como um testemunho do que a união, a ciência e o propósito coletivo podem alcançar. Hoje, seu ciclo de políticas está em pleno andamento — conectando o Balanço Global a uma nova geração de NDCs e abrindo uma década decisiva de implementação.>
O relatório mostra que o Acordo de Paris está funcionando. O desafio agora é acelerar a entrega em todas as áreas do Acordo e fortalecer os esforços coletivos para alcançar seus objetivos de longo prazo. O Relatório de Síntese da NDC 2025 ressalta que alcançar essa visão exigirá um esforço renovado em cooperação global, solidariedade, troca de conhecimento e confiança.>
De Rio a Paris, e de Paris a Belém, lançamos as bases de um novo multilateralismo. Agora vem a tarefa não apenas de prevenir os riscos mais graves apontados pela ciência, mas também de avançar rumo a um horizonte de ambição, solidariedade e esperança que nos guie adiante. A COP30 será o momento de renovar essa determinação: escolher a cooperação em vez da fragmentação — e mudar, juntos, por escolha.>