Universidade do Pará vai coordenar quatro painéis na Green Zone da COP 30

Ações fazem parte da programação oficial do Pavilhão Pará.

Publicado em 29 de outubro de 2025 às 08:24

Universidade do Pará vai coordenar quatro painéis que discutirão temas ligados às mudanças climáticas na região.
Universidade do Pará vai coordenar quatro painéis que discutirão temas ligados às mudanças climáticas na região. Crédito: Agência Pará

Durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), que ocorrerá em Belém, capital do Pará, no período de 10 a 21 de novembro de 2025, a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) vai coordenar quatro painéis que discutirão temas ligados às mudanças climáticas na região.

Os painéis serão realizados no Pavilhão Pará que será o principal espaço de representação na Zona Verde da Conferência (Green Zone da COP 30). A programação será aberta ao público e deve apresentar soluções climáticas, promover o diálogo público e fomentar parcerias durante o evento.

As propostas aprovadas da Ufopa:

1. Painel "Peex-Mudanças Climáticas e Comunidades"

Coordenado pela professora Ana Carla Gomes, do Instituto de Engenharia e Geociências (IEG/Ufopa), o painel vai apresentar o projeto “Mudanças Climáticas e Comunidades”, desenvolvido pela Ufopa no âmbito do Programa Integrado de Ensino, Pesquisa e Extensão (Peex), que desenvolve ações integradas de adaptação e mitigação das mudanças climáticas na Amazônia.

O projeto investigou os impactos das mudanças climáticas em comunidades locais no Oeste do Pará e promoveu a conexão entre experiências locais e práticas globais de mitigação e adaptação climática. Os resultados destacam que os moradores percebem os efeitos e os impactos das mudanças climáticas, mas a falta de compreensão sobre suas causas resulta em baixa participação no combate ao problema.

Destacam-se soluções inovadoras e sustentáveis para a região, como sistemas agroflorestais, tecnologias de energia renovável adaptadas à realidade amazônica, monitoramento de queimadas por satélite e aplicativos móveis para alertas de desastres naturais. Essas soluções visam fomentar a conscientização ambiental e destacar a importância da ciência e da tecnologia na elaboração de políticas ambientais globais.

2. Painel "Mudanças Climáticas: Influências socioeconômicas em destinos turísticos"

Vai promover discussões relacionadas a atividades turísticas, a partir de um projeto que teve como objetivo analisar as influências socioeconômicas das condições climáticas no distrito de Alter do Chão. Em escala global, o turismo contribui para as emissões de gases de efeito estufa e, consequentemente, para o aquecimento global, especialmente em função de transportes, inclusive o aéreo. Por outro lado, o turismo é altamente vulnerável à mudança do clima.

As ameaças incluem os eventos climáticos extremos, a escassez de água, a crescente exposição de turistas a doenças transmitidas por vetores, a mudança nas temporadas de viagens para alguns destinos, os danos ao patrimônio cultural, as perdas de biodiversidade, entre outros aspectos. Com isso, a mudança na procura e nos fluxos turísticos terá impacto nos negócios e nos serviços das localidades turísticas como um todo. Em regiões onde o turismo é uma das principais atividades econômicas, qualquer redução significativa nestes fluxos resultará em sérios impactos no mercado de trabalho.

Na pesquisa relacionada a Alter do Chão, os resultados apontaram a construção de cenários prospectivos que mostraram possíveis impactos e consequências das mudanças climáticas ao sistema turístico local, constituindo-se em informações para fins de mitigação, planejamento de ações de adaptação e minimização de impactos e vulnerabilidades. O painel será coordenado pela professora Glauce Vitor, do Instituto de Formação Interdisciplinar e Intercultural (IFII/Ufopa).

3. Painel "Ciência, Gestão e Saberes Locais: A Contribuição dos Sistemas Agroflorestais para a Resiliência Climática Amazônia"

Serão apresentados resultados de estudo realizado para avaliar a composição de Sistemas Agroflorestais (SAFs) comerciais com diferentes idades em oito municípios da Amazônia Oriental e compreender a dinâmica social associada a esse tipo de cultivo.

Os SAFs consistem na integração intencional de árvores e cultivos, com ou sem animais, em uma mesma unidade produtiva, originados do conhecimento tradicional e adaptados em sistemas modernos. Esses arranjos promovem segurança alimentar, sustentabilidade agrícola, conservação da biodiversidade e regulação ambiental por meio do sequestro de carbono e da ciclagem de nutrientes, sendo, por isso, vistos como uma estratégia de restauração ambiental e recuperação florestal, alinhando-se aos compromissos do Acordo de Paris.

São considerados promissores devido à diversificação da produção; no entanto, ainda existem lacunas significativas, como a compreensão dos fatores que influenciam sua adoção, a composição e a dinâmica das espécies, além da percepção dos agricultores sobre esses sistemas. Tais lacunas limitam a expansão dessa modalidade de cultivo e dificultam a formulação de incentivos adequados. Diante desse contexto, os resultados do estudo serão apresentados, sob a coordenação da professora Daniela Pauletto, do Instituto de Biodiversidade e Floresta (Ibef) da Ufopa.

4. Painel "O papel do investimento governamental sobre soluções concretas para o enfrentamento da crise climática, a valorização da floresta em pé e a promoção de modelos de desenvolvimento inclusivos e sustentáveis"

O painel, que terá como coordenador o professor Gabriel Brito da Costa, do Ibef/Ufopa, propõe uma reflexão estratégica sobre como o investimento governamental pode se tornar o principal motor da transição ecológica e social necessária para enfrentar a crise climática e promover um novo paradigma de desenvolvimento. A discussão parte do reconhecimento de que o Estado possui papel insubstituível na indução de políticas, tecnologias e práticas capazes de transformar a economia e gerar bem-estar sem destruir a base natural que sustenta a vida.

Com foco especial na Amazônia e na agenda da COP30, o debate enfatiza que a valorização da floresta em pé deve ser tratada como uma política de Estado, articulando ciência, inovação, bioeconomia e inclusão social. Vai apresentar como exemplos os projetos do Centro de Agricultura, Tecnologias, Estudos Geoambientais Observacionais e Referência em Inovação da Amazônia (Categoria), financiado pelo CNPq; o projeto Restauração ambiental: Bioeconomia e REDD+ contra as mudanças climáticas e gerando renda na Amazônia (Restaura+), financiado pela Finep; e o projeto do Centro Amazônico de Bioeconomia e Análises Atmosféricas de Gases Estufa em Monoculturas (Cabanagem), financiado pelo CNPq, que são liderados pela Ufopa através do grupo de pesquisa Interação Biosfera-Atmosfera e Micrometeorologia na Amazônia (Ibama).

Sobre o Pavilhão Pará

Coordenado pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (Semas), o Pavilhão Pará será o principal espaço de representação na Zona Verde da Conferência. Com programação diária, o Pavilhão pretende aproximar diferentes setores da sociedade – governos locais e subnacionais, setor privado, organizações não governamentais, povos indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais, juventudes, academia e sociedade civil em geral – em torno do debate sobre soluções concretas para o enfrentamento da crise climática, a valorização da floresta em pé e a promoção de modelos de desenvolvimento inclusivos e sustentáveis.

Esse ambiente será também um espaço de articulação política e técnica, oferecendo oportunidades para lançamento de iniciativas, divulgação de resultados de pesquisas, troca de experiências internacionais e fortalecimento de redes de cooperação que apontem caminhos para a implementação dos compromissos climáticos nacionais e globais.

Atividades paralelas

Além dos painéis no Pavilhão Pará, a Ufopa também vai participar de diversas atividades paralelas que ocorrerão, em Belém, durante a COP 30. A comitiva da Universidade é formada por mais de dez pessoas.

A reitora, professora Aldenize Xavier, confirmou participação de atividades da Casa da Ciência do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI), que ocorrerá no Museu Emílio Goeldi.