Publicado em 16 de junho de 2025 às 18:14
A depressão é um transtorno mental que afeta o humor, a forma de pensar e o comportamento da pessoa. Assim como adultos, idosos e adolescentes, a população infantil também pode ser vítima dessa doença. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a estimativa é que cerca de 3% das crianças entre 6 e 12 anos em todo o mundo convivam com esse transtorno. >
Apesar de apresentar alguns sinais específicos, como birra, choro frequente e apego excessivo aos pais, a depressão em crianças costuma se manifestar da mesma forma que em adultos, incluindo sintomas como: >
Além disso, na infância, as crianças não têm maturidade para lidar com os sintomas e o entendimento do transtorno em si. “[…] As crianças estão vivendo um momento de muita vulnerabilidade e muita confusão emocional, e nem sempre elas conseguem traduzir isso em uma fala. Isso faz com que a duração do episódio seja cada vez mais decorrente”, explica Carla Salcedo, psicóloga, neuropsicanalista e especialista em traumas, lutos e emergências humanitárias. >
As crianças podem apresentar diferentes tipos de quadros depressivos, tais como: >
Os principais motivos que levam a esses quadros são: mudanças bruscas na rotina, bullying na escola, perdas e pressão por desempenho. Além disso, há a predisposição genética. >
A depressão pode interferir na cognição, na socialização, nos estudos e nos relacionamentos das crianças, o que, consequentemente, prejudica diferentes áreas da vida. Além disso, o transtorno depressivo pode moldar o desenvolvimento da personalidade. >
“Estamos falando de uma construção que, no futuro, vai trazer um impacto muito grande, fazendo com que ela não consiga lidar com as demandas da vida diária. Futuramente, a criança, também, pode ter uma distorção da percepção da realidade ou de si mesma, criando ciclos viciosos ou tendo dificuldade de criar vínculos saudáveis”, esclarece Carla Salcedo. >
O transtorno depressivo infantil é diagnosticado de forma clínica, isto é, por meio da descrição dos sintomas e conhecimento do histórico do paciente. Ao longo do processo de diagnóstico, o médico também considera as informações passadas pelos pais ou responsáveis do paciente. >
Por isso, é importante ficar atento às modificações no humor da criança. “Essas mudanças quando ficam de forma persistente já são um sinal de alerta. Vale a pena, também, perceber as alterações no sono e na alimentação e, principalmente, quando ela passa a insistir em um isolamento social e começa a recusar coisas que antes tinha interesse, como amigos e brincadeiras”, alerta a psicóloga Carla Salcedo. >
O tratamento para a depressão infantil geralmente envolve uma abordagem psicoterapêutica para a criança e, até mesmo, para a família. Em alguns casos, contudo, é recomendado o uso de medicação. “O uso de antidepressivos, estabilizadores de humor e antipsicóticos podem ser úteis, mas eles deverão ser avaliados pelo psiquiatra, com as devidas orientações aos pais e ao paciente”, comenta a Dra. Beatriz Fonseca. >
O tratamento correto permite que a criança retome sua vitalidade, melhore o desempenho escolar, desenvolva habilidades sociais e fortaleça os vínculos afetivos. Ademais, o acompanhamento precoce pode impactar positivamente no futuro do pequeno. Isso porque ele “ajuda a criança a construir recursos internos para lidar com emoções difíceis ao longo da vida”, pontua Katherine Sorroche, psicóloga e especialista em saúde mental materna, puerpério, parentalidade e primeira infância. >
Além do tratamento médico, o apoio familiar é essencial, devendo ser seguro e sem julgamentos e críticas. Para isso, Katherine Sorroche sugere que os pais ou responsáveis ofereçam acolhimento, garantam momentos de conexão com a criança, mantenham uma rotina previsível e participem do processo terapêutico. >