7 impactos do Instagram no cotidiano e no consumo de informação 

Rede social que completa 15 anos transformou a relação entre pessoas e marcas

Publicado em 6 de outubro de 2025 às 15:48

O Instagram deixou de ser apenas uma rede social e se transformou em uma plataforma de engajamento, vendas e informação (Imagem: Ink Drop | Shutterstock)
O Instagram deixou de ser apenas uma rede social e se transformou em uma plataforma de engajamento, vendas e informação Crédito: Imagem: Ink Drop | Shutterstock

O Instagram celebra 15 anos de existência consolidado como uma das plataformas mais influentes do mundo. Lançado em 6 de outubro de 2010 pelos empreendedores Kevin Systrom (EUA) e Mike Krieger (Brasil), o aplicativo nasceu com uma proposta descomplicada: permitir o compartilhamento de fotos com filtros vintage. Passadas uma década e meia, múltiplas transformações e mais de 3 bilhões de usuários ativos mensais depois, a plataforma se tornou um dos principais espaços de circulação de informação, formação de tendências culturais e articulação de debates públicos.

No Brasil, são mais de 140 milhões de usuários, segundo a Statista, o que posiciona o país como terceiro maior mercado da plataforma globalmente. De simples publicações no feed a transmissões ao vivo, o Instagram redefiniu os hábitos de consumo informativo e alterou permanentemente a dinâmica entre indivíduos, empresas e veículos de comunicação com suas audiências.

Brasileiros elegem Instagram como principal fonte de informação

Segundo o relatório Desigualdades Informativas: Entendendo os caminhos informativos dos brasileiros na internet 2024, produzido pelo Aláfia Lab, o Instagram liderou como a rede social mais utilizada pelos brasileiros para se informar em 2024. A pesquisa revelou que 68,8% dos participantes indicaram a plataforma como preferida na busca por informações. YouTube e Facebook aparecem na sequência, com 55,9% e 43,7%, respectivamente.

“Mais do que acompanhar tendências, a plataforma ditou padrões de interação digital e abriu caminho para que novas tecnologias, como a inteligência artificial generativa, passassem a moldar a forma como produzimos e consumimos conteúdo”, afirma Kenneth Corrêa, palestrante de Inteligência Artificial, especialista em dados, tecnologia e professor de MBA da Fundação Getulio Vargas (FGV), e autor do livro “Organizações Cognitivas: Alavancando o Poder da IA Generativa e dos Agentes Inteligentes”.

Com o Instagram, a forma como as informações são divulgadas mudou consideravelmente. “O Instagram é mais do que uma rede social; é um espelho da forma como consumimos e compartilhamos conhecimento. Em 15 anos, vimos a informação deixar de ser apenas noticiada por veículos tradicionais para ser cocriada por milhões de pessoas, em múltiplos formatos e velocidades”, acrescenta.

Instagram transformou comportamentos

Com o tempo, os usuários transformaram a plataforma em ambiente para se informar, buscar inspiração e vivenciar momentos de entretenimento de maneira participativa. Segundo pesquisa do Opinion Box, 81% dos usuários compartilham conteúdos do Instagram com outras pessoas e 73% salvam publicações para visualizar posteriormente, evidenciando alto grau de engajamento.

O mesmo levantamento aponta que conteúdos relacionados a viagem e turismo lideram as preferências dos usuários, com 52% demonstrando interesse. Na sequência aparecem temas ligados a saúde e fitness com 44%, gastronomia e receitas com 42% e humor com 42%.

“Hoje, o Instagram não só dita tendências culturais, como também influencia comportamento político, consumo e até a forma como nos relacionamos com a verdade. Ao mesmo tempo em que democratiza vozes, ele também expõe o desafio das bolhas informativas e da desinformação”, acrescenta Kenneth Corrêa.

O estudo do Opinion Box reforça a presença constante da plataforma no cotidiano: 93% dos usuários acessam o Instagram ao menos uma vez por dia, sendo que 57% entram diversas vezes ao longo do dia e 17% mantêm o aplicativo permanentemente aberto. Porém, a velocidade de disseminação de informações traz preocupações: 57% dos usuários reconhecem a presença significativa de fake news na plataforma.

Instagram como motor de vendas e decisões de consumo

A plataforma também exerce forte influência sobre o comportamento de compra, conforme destaca Thiago Muniz, especialista em marketing, vendas, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e CEO da Receita Previsível. “O Instagram transformou a forma como fazemos marketing: ele integra storytelling , dados e comportamento de compra em um único ecossistema. Para empresas de varejo, isso significa criar experiências digitais que não só engajam, mas também guiam o consumidor pela jornada de compra, do primeiro clique até a conversão, com insights que alimentam decisões estratégicas de marketing”.

Os números do Opinion Box demonstram esse impacto: 82% dos entrevistados seguem pelo menos uma empresa ou marca na plataforma, e 72% dos usuários já realizaram compras ou contrataram serviços que descobriram no Instagram.

“No varejo digital, o Instagram é mais do que engajamento: é uma ponte entre atenção e receita. Reels, stories e anúncios são ferramentas que, quando integradas com análise de dados, permitem mapear a jornada do consumidor, antecipar tendências e transformar interações em resultados tangíveis para a marca”, ressalta Thiago Muniz.

As lives geram engajamento instantâneo no Instagram (Imagem: sitthiphong | Shutterstock)
As lives geram engajamento instantâneo no Instagram Crédito: Imagem: sitthiphong | Shutterstock

Impactos do Instagram no consumo de informação

Para celebrar os 15 anos da plataforma, listamos sete transformações que o Instagram promoveu no ecossistema informativo. Confira!

1. Informação instantânea por meio de lives e stories

A velocidade da informação foi redefinida. Hoje, os acontecimentos não são apenas reportados, mas vivenciados pelo público em tempo real. Essa proximidade gera engajamento instantâneo, mas também amplia a responsabilidade: cada compartilhamento pode propagar tanto conteúdos verídicos quanto incorretos, tornando crucial a compreensão dessa dinâmica por marcas e veículos de comunicação.

2. Protagonismo do conteúdo visual

No Instagram, imagens e vídeos são centrais. O visual emociona antes de informar, estabelecendo conexões imediatas. Informações que antes demandavam textos extensos agora são comunicadas em poucos segundos, tornando o conteúdo mais cativante e memorável — comprovando que, no ambiente digital, a visualização frequentemente se traduz em credibilidade.

3. Hashtags como ferramentas de mobilização 

As hashtags operam como mecanismos de organização e alcance global. Movimentos sociais, causas ambientais e discussões políticas utilizam hashtags para formar comunidades temáticas, consolidar narrativas e amplificar vozes que frequentemente não encontrariam espaço nos canais tradicionais, transformando usuários em coautores de processos culturais e sociais.

4. A cultura do conteúdo efêmero

Com os stories , a urgência passou a definir o consumo informativo: o conteúdo desaparece, e a atenção deve ser capturada a cada instante. Essa característica efêmera transformou a produ ç ão , o planejamento e a narrativa de histórias, tornando a comunicação mais dinâmica, veloz e orientada para a relevância instantânea.

5. Criadores de conteúdo como novas autoridades

Produtores independentes se estabeleceram como referências confiáveis, competindo com veículos tradicionais. Essa mudança demonstra que autoridade não é mais exclusivamente institucional: ela é construída por meio de confiança, autenticidade e proximidade, redefinindo as interações entre marcas, jornalistas e audiências.

6. Algoritmos e a formação de bolhas informativas

A personalização do feed torna a experiência relevante e eficiente, mas também cria ambientes fechados, onde informações circulam predominantemente entre pessoas com visões semelhantes. Compreender essa dinâmica é fundamental: marcas e usuários precisam balancear relevância com diversidade de perspectivas, evitando o reforço de vieses e polarização.

7. Informação como ativo econômico

No Instagram, atenção é moeda. Cada curtida, compartilhamento ou salvamento não representa apenas engajamento: é um indicador de valor estratégico. O conteúdo deixou de ser neutro para se tornar ativo econômico, integrando informação, marketing e comportamento em um ecossistema digital que recompensa quem consegue capturar e converter atenção em experiências significativas.

Relevância cultural, social e política

O Instagram também se tornou palco de movimentos culturais e sociais de alcance mundial. De #BlackLivesMatter a #EleNão, passando por mobilizações ligadas ao meio ambiente, saúde e direitos das mulheres, a plataforma se consolidou como espaço de articulação política e de visibilidade para pautas que não encontravam espaço nos canais tradicionais.

Na música, moda e artes visuais, o Instagram possibilitou que novos artistas independentes alcançassem públicos antes inacessíveis. Atualmente, a rede é considerada fundamental para estratégias de economia criativa, funcionando como vitrine, meio de difusão e ferramenta de monetização para criadores.

5 curiosidades sobre os 15 anos do Instagram

A seguir, veja cinco curiosidades da plataforma ao longo desses 15 anos de existência:

  • A primeira publicação na história do Instagram, feita em 2010 por Systrom, foi a fotografia de um cachorro;
  • Em 2012, o aplicativo foi adquirido pelo Facebook por US$ 1 bilhão — uma das maiores transações da época no setor tecnológico;
  • O Brasil figura entre os cinco maiores mercados do Instagram no mundo;
  • Stories (2016), reels (2020) e compras integradas (2020) representam algumas das principais inovações que expandiram o uso da plataforma;
  • Em 2019, o Instagram iniciou testes para ocultar o número de curtidas em publicações no Brasil e em outros países, alterando a percepção de engajamento na rede.

O Instagram mostra todos os dias como uma rede social pode ir muito além das fotos e curtidas. “Olhar para os 15 anos do Instagram é perceber que a plataforma foi muito além de tecnologia e entretenimento: ela se tornou um ecossistema de informação , cultura e conexão social. Cada feed , cada algoritmo e cada formato de interação carrega potencial para ampliar vozes, democratizar oportunidades criativas e gerar experiências significativas, mas, como tudo, tem dois lados: também apresenta riscos, como bolhas informativas e desinformação”, explica Kenneth Corrêa.  

Em tempos de conexão constante, refletir sobre o papel da tecnologia na comunicação é essencial. “O desafio para os próximos anos é equilibrar alcance, diversidade e qualidade da informação, usando a tecnologia não apenas para informar, mas para conectar pessoas, gerar empatia e fortalecer narrativas que sejam ao mesmo tempo humanas e responsáveis. É nesse equilíbrio que se mede o impacto real das redes sociais e o futuro de sua contribuição para a construção coletiva do conhecimento”, finaliza o autor e especialista em dados e tecnologia.

Por Letícia Carvalho