Publicado em 5 de dezembro de 2025 às 12:20
Em meio a uma sessão marcada por tensão política, o senador Davi Alcolumbre (União-AP) afirmou publicamente que determinou à Polícia Legislativa a investigação de usuários que divulgaram a hashtag “Congresso inimigo do povo” nas redes sociais. A declaração acendeu um debate imediato no plenário sobre os limites da atuação do órgão de segurança do Senado e o alcance do monitoramento de críticas feitas por cidadãos.>
A fala ocorreu enquanto parlamentares discutiam o aumento de ataques virtuais direcionados ao Legislativo. Ao admitir que havia solicitado a apuração, Alcolumbre justificou que a expressão representaria uma tentativa de desestabilizar instituições democráticas. Segundo ele, o objetivo seria identificar perfis que estariam coordenando campanhas contra o Congresso.>
A postura, no entanto, provocou reação de colegas que viram na decisão um possível uso indevido de uma estrutura estatal para rastrear manifestações críticas, ainda que incisivas, de eleitores. O episódio reacende um debate já conhecido em Brasília: até que ponto o monitoramento de discursos nas redes sociais pode ser considerado proteção institucional, e quando passa a ser vigilância de cidadãos.>
A Polícia Legislativa possui atribuições constitucionais para atuar em casos que envolvam ameaças à segurança de parlamentares e ao funcionamento da Casa. Entretanto, o fato de a solicitação ter como foco uma hashtag amplamente compartilhada trouxe preocupação entre senadores sobre a interpretação de críticas políticas como alvo de investigação.>
A admissão de Alcolumbre ainda deve repercutir nos próximos dias, especialmente em comissões que tratam de liberdade de expressão e funcionamento das instituições. Fora do Congresso, o tema já mobiliza discussões entre juristas e especialistas em direito digital, que apontam para a necessidade de delimitar com clareza o escopo da atuação policial em ambientes virtuais.>
Apesar da polêmica, o senador não detalhou quantos perfis foram analisados, se houve relatório produzido ou que medidas podem ter sido adotadas após o pedido. A direção da Polícia Legislativa também não se manifestou até o momento.>
O episódio se soma a uma série de tensões recentes envolvendo críticas populares e a reação de autoridades públicas, num contexto em que redes sociais ampliam o alcance do debate político e, ao mesmo tempo, testam os limites entre liberdade de expressão e proteção institucional.>