Ao atacar feriado da Consciência Negra, vereador da Bahia provoca reação de movimentos sociais

Declaração de Edvaldo Lima ocorreu após debate sobre a importância da data.

Publicado em 19 de novembro de 2025 às 10:39

Ao atacar feriado da Consciência Negra, vereador da Bahia provoca reação de movimentos sociais
Ao atacar feriado da Consciência Negra, vereador da Bahia provoca reação de movimentos sociais Crédito: Reprodução/Câmara Municipal de Feira de Santana

O debate sobre o Dia da Consciência Negra ganhou contornos de tensão na Câmara Municipal de Feira de Santana durante a sessão de quarta-feira (12). Após a fala do vereador Silvio Dias (PT), que ressaltou o papel simbólico do feriado nacional e apontou que o comércio da cidade, composto majoritariamente por trabalhadores negros, deveria respeitar a data, o vereador e pastor evangélico Edvaldo Lima (União Brasil) respondeu com críticas à legislação.

Ao ocupar a tribuna, Edvaldo classificou como “racista” e “irresponsável” a lei que instituiu o feriado em novembro. De acordo com sua interpretação equivocada, a medida beneficiaria somente pessoas negras, excluindo trabalhadores brancos, argumento que não encontra respaldo jurídico nem histórico. A legislação, aprovada em âmbito nacional, estabelece o feriado como reconhecimento à luta da população negra contra a escravidão e o racismo estrutural no país, sem qualquer distinção de aplicação entre trabalhadores.

Mesmo se autodeclarando negro, o vereador sustentou que a norma “divide o país”, chegando a afirmar que o feriado garantiria descanso somente a pessoas negras. A argumentação foi feita em contraponto direto ao discurso de Dias, que havia defendido a importância da data para reforçar o debate sobre igualdade racial.

As falas de Edvaldo repercutiram rapidamente fora do plenário. Entidades do movimento negro e ativistas de Feira de Santana repudiaram a postura do parlamentar, destacando que a data, celebrada em 20 de novembro, busca justamente promover consciência histórica, enfrentar desigualdades e ampliar a discussão sobre racismo. Para os grupos, a declaração do edil distorce o propósito da lei e reforça narrativas que desinformam a população sobre direitos e políticas de igualdade racial.