Brasil registra caso raro de câncer de mama ligado a prótese de silicone

Doença agressiva, registrada apenas 20 vezes no mundo, foi diagnosticada em paciente de 38 anos.

Publicado em 14 de agosto de 2025 às 15:29

Brasil registra caso raro de câncer de mama ligado a prótese de silicone
Brasil registra caso raro de câncer de mama ligado a prótese de silicone Crédito: Reprodução

O Brasil acaba de confirmar o primeiro caso de um tipo raríssimo e agressivo de câncer de mama associado ao uso de implantes de silicone. Trata-se do carcinoma espinocelular relacionado à prótese mamária, descrito pela primeira vez na literatura médica em 1992 e que, até hoje, soma apenas 20 ocorrências registradas mundialmente.

O caso brasileiro foi documentado por uma equipe liderada pelo mastologista Idam de Oliveira Junior, do Hospital de Amor, em Barretos (SP), e publicado no Annals of Surgical Oncology no último dia 23 de julho. Além de relatar o diagnóstico, o estudo apresenta uma proposta inédita de padronização para o estadiamento e tratamento da doença, com foco em casos nos quais a prótese é mantida por longos períodos sem substituição, contrariando recomendações médicas.

A paciente, uma mulher de 38 anos, havia colocado implantes aos 20. Procurou atendimento médico após notar dor e aumento de volume em uma das mamas. Exames identificaram acúmulo de líquido ao redor da prótese e alterações na cápsula que a envolvia. A biópsia confirmou a presença do carcinoma. Apesar de ter sido submetida à retirada do implante e à mastectomia, o tumor retornou rapidamente. Dez meses após o novo diagnóstico, ela não resistiu à doença.

Segundo o estudo, o carcinoma espinocelular ligado a prótese mamária apresenta evolução acelerada e alto risco de recidiva. Entre 17 casos analisados pela equipe brasileira, nove tiveram retorno do tumor no primeiro ano e seis pacientes faleceram em até dois anos. A sobrevida média foi de 15,5 meses, enquanto o tempo livre de progressão da doença não passou de 13,5 meses.

Embora os fatores de risco ainda não estejam claramente definidos, os pesquisadores apontam que inflamações crônicas na cápsula do implante podem desencadear a transformação maligna das células. Em geral, o primeiro sinal clínico é o acúmulo de líquido ao redor da prótese.

A pesquisa também identificou que as metástases costumam atingir, principalmente, pulmões e fígado. Diante disso, os autores recomendam a mastectomia total como medida para reduzir o risco de recorrência.

O trabalho brasileiro é considerado um marco na abordagem dessa neoplasia rara, trazendo um protocolo específico que pode ajudar médicos de todo o mundo a identificar e tratar precocemente casos semelhantes, aumentando potencialmente as chances de sobrevida.