Paciente com diabetes tipo 1 volta a produzir insulina, diz estudo sueco

Procedimento experimental com células-tronco pancreáticas geneticamente editadas abre caminho para uma possível cura funcional da doença.

Publicado em 14 de agosto de 2025 às 16:24

Paciente com diabetes tipo 1 volta a produzir insulina, diz estudo sueco
Paciente com diabetes tipo 1 volta a produzir insulina, diz estudo sueco Crédito: Reprodução/Freepik

Pesquisadores do Hospital Universitário de Uppsala, na Suécia, alcançaram um feito inédito na medicina: fizeram um paciente com diabetes tipo 1 voltar a produzir insulina de forma estável sem o uso de medicamentos imunossupressores. O avanço, descrito em artigo publicado no New England Journal of Medicine em 4 de agosto, utilizou células-tronco pancreáticas modificadas por edição genética para escapar da rejeição do sistema imunológico.

O voluntário, um homem de 42 anos diagnosticado com a doença há 37, recebeu injeções das células no músculo braquiorradial do antebraço, sob anestesia geral. Ao longo de 12 semanas, apresentou secreção contínua de insulina, confirmada pela detecção do C-peptídeo, proteína liberada junto à insulina, e resposta positiva a estímulos alimentares. O transplante foi feito sem esteroides, anti-inflamatórios ou imunossupressores, algo sem precedentes em terapias com ilhotas pancreáticas.

Durante o acompanhamento, as células modificadas sobreviveram sem sinais de ataque imunológico: não houve ativação de linfócitos T, produção de anticorpos ou danos celulares detectáveis. Imagens de ressonância magnética comprovaram a presença duradoura do enxerto, sem inflamação local. Apesar do sucesso, o paciente ainda depende de insulina externa, já que apenas 7% da dose total de células beta foi transplantada.

O estudo também apontou melhora significativa no controle da glicose, com queda de 42% na hemoglobina glicada. Foram registrados quatro eventos adversos leves, sem relação com o tratamento.

A diabetes tipo 1 é uma condição crônica na qual o sistema imunológico destrói as células beta produtoras de insulina no pâncreas. Afeta principalmente crianças, adolescentes e jovens adultos, mas pode surgir em qualquer idade. No Brasil, a incidência anual é estimada em 25,6 casos por 100 mil habitantes, considerada elevada.

De acordo com os cientistas, o experimento prova que é possível transplantar células beta de doadores, geneticamente protegidas contra rejeição, garantindo funcionamento efetivo sem a toxicidade causada pelo uso prolongado de imunossupressores. A descoberta pode abrir caminho para uma “cura funcional” do diabetes tipo 1, oferecendo esperança de mais qualidade de vida para milhões de pessoas em todo o mundo.