Publicado em 30 de dezembro de 2025 às 07:43
Os principais personagens da investigação que apura possíveis irregularidades envolvendo o Banco Master devem prestar depoimento nesta terça-feira (30), em uma etapa considerada decisiva do inquérito que tramita em sigilo no Supremo Tribunal Federal (STF). A oitiva está prevista para começar às 14h e foi autorizada pelo ministro Dias Toffoli, relator do caso.>
Serão ouvidos o presidente do Banco Master, Daniel Vorcaro; o ex-presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa; e o diretor do Banco Central, Ailton de Aquino. Os depoimentos ocorrerão a portas fechadas e serão conduzidos por uma delegada da Polícia Federal.>
Além da coleta dos relatos, a fase pode influenciar diretamente uma decisão anterior do relator que autorizou a realização de uma acareação entre os envolvidos, procedimento que ainda pode ocorrer ao longo do dia, a depender da avaliação da autoridade policial responsável pelo caso.>
A manutenção da possibilidade de confronto chamou atenção nos bastidores do STF. Isso porque a medida foi confirmada mesmo após manifestação contrária da Procuradoria-Geral da República (PGR) e de um pedido formal do Banco Central para que a acareação fosse suspensa. Ambos os pleitos foram rejeitados por Toffoli.>
Ao justificar a decisão, o ministro destacou que nem o Banco Central, nem Ailton de Aquino figuram como investigados, mas avaliou que a presença da autoridade monetária no procedimento pode contribuir para o esclarecimento dos fatos, classificando a participação como relevante para o avanço das apurações.>
Apesar disso, o novo posicionamento de condicionar a realização da acareação à análise da delegada da Polícia Federal foi interpretado internamente como um recuo parcial na condução do processo.>
Caso o confronto seja confirmado, ele não será conduzido pela PF, mas por um juiz auxiliar vinculado ao gabinete do ministro relator, enquanto os depoimentos seguem sob responsabilidade policial.>
Procedimento incomum em meio ao recesso>
Fontes ouvidas apontam que as diligências determinadas por Toffoli fogem ao padrão adotado pelo Supremo, sobretudo pelo fato de ocorrerem durante o recesso do Judiciário. Tradicionalmente, medidas dessa natureza no período de plantão são adotadas apenas quando há risco iminente à ordem pública, destruição de provas ou continuidade de crimes.>
Outro ponto levantado nos bastidores é a inversão da lógica processual. Para parte dos ministros, o mais usual seria ouvir os envolvidos primeiro e, apenas em caso de contradições relevantes, convocar uma acareação, e não o contrário.>
No caso do Banco Master, há avaliação interna de que eventuais riscos já estão controlados. Os investigados cumprem restrições cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica, a proibição de contato entre si e a retenção de passaportes.>
Daniel Vorcaro, por exemplo, está impedido de exercer atividades no sistema financeiro enquanto é investigado por suspeitas relacionadas à emissão de títulos de crédito falsos, o que, segundo avaliações internas, reduz a necessidade de medidas urgentes.>
A expectativa agora é que os depoimentos tragam elementos suficientes para definir os próximos passos da investigação e indiquem se o confronto entre os envolvidos será, de fato, necessário.>