Combustível do PCC tinha até 90% de metanol; ANP permite apenas 0,5%

Altamente inflamável e tóxico, o metanol era distribuído a postos e distribuidoras, gerando lucros bilionários à organização criminosa.

Publicado em 28 de agosto de 2025 às 15:26

Reduções feitas pelas Petrobras devem chegar aos postos de gasolina.
Reduções feitas pelas Petrobras devem chegar aos postos de gasolina. Crédito: Marcelo Camargo - Agência Brasil

Os combustíveis encontrados em alguns postos alvos da megaoperação deflagrada nesta quinta-feira (28) continham até 90% de metanol, substância que, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), só pode estar presente em até 0,5% na gasolina e no etanol.

A investigação conduzida pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) revelou que o Primeiro Comando da Capital (PCC) estava por trás da importação irregular de produtos químicos para adulterar combustíveis comercializados no estado. Estima-se que a prática atinja cerca de 30% dos postos de combustíveis paulistas, aproximadamente 2,5 mil estabelecimentos.

Altamente inflamável e tóxico, o metanol era distribuído a postos e distribuidoras, gerando lucros bilionários à organização criminosa.

 “O metanol tem limite de 0,5% em combustíveis, mas encontramos postos com até 90%. Isso representa um risco extremo para a população, para os veículos e para o meio ambiente”, afirmou o promotor Yuri Fisberg, em coletiva de imprensa.

Segundo os investigadores, o esquema funcionava principalmente por meio da importação clandestina de metanol pelo Porto de Paranaguá (PR). O produto não era entregue aos destinatários das notas fiscais, mas sim desviado e transportado de forma ilegal, com documentação falsa e sem condições adequadas de segurança, o que aumentava o risco para motoristas, pedestres e comunidades próximas.

“Esse metanol, que deveria abastecer indústrias químicas, era desviado para abastecer postos de combustíveis em São Paulo. Muitas dessas empresas são de fachada ou atuam de forma paralela para encobrir o esquema”, explicou o promotor.

De acordo com o MP, a investigação já detectou fraudes em mais de 300 postos de combustíveis. Além de vender produtos adulterados (fraude qualitativa), muitos estabelecimentos também entregavam quantidades menores de combustível do que o informado nas bombas (fraude quantitativa).

Com informações do G1