Publicado em 29 de outubro de 2025 às 16:19
O Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio, amanheceu nesta quarta-feira (29) sob forte tensão. Durante a madrugada, moradores levaram ao menos 60 corpos até a Praça São Lucas, no centro da comunidade, após os encontrarem em uma área de mata que liga os complexos da Penha e do Alemão, epicentro da megaoperação policial realizada na terça-feira (28), considerada a mais letal da história do estado.>
Moradores relatam que muitos corpos apresentavam tiros na nuca, facadas nas costas e ferimentos nas pernas. Alguns mortos estavam com roupas camufladas, semelhantes às usadas por membros do Comando Vermelho (CV), facção criminosa alvo da ação. As cenas de dezenas de corpos enfileirados no chão, cercados por familiares em busca de desaparecidos, geraram comoção e indignação na comunidade.>
Mais cedo, um grupo chegou a colocar seis corpos em uma Kombi e levá-los ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, mas o veículo deixou o local sem realizar a entrega dos cadáveres.>
A megaoperação>
Batizada de Operação Contenção, a ação policial mobilizou 2,5 mil agentes civis e militares e teve como objetivo conter o avanço territorial do Comando Vermelho. O último balanço do governo estadual registrou:>
• 81 suspeitos presos>
• Mais de 90 armas apreendidas, incluindo fuzis de guerra>
• 200 kg de drogas e rádios comunicadores recolhidos>
A maior parte dos confrontos aconteceu em uma área de mata conhecida como Vacaria, na Serra da Misericórdia, onde policiais afirmam ter localizado criminosos armados com fuzis e granadas.>
Disputa de versões e investigação sobre manipulação de corpos>
A Polícia Civil do Rio informou que vai investigar relatos de que moradores teriam retirado roupas camufladas e simulado ferimentos a faca em alguns cadáveres, com o objetivo de sugerir abusos cometidos pelas forças de segurança. Segundo a corporação, os corpos expostos na Praça São Lucas seriam de criminosos mortos em confronto durante a operação.>
De acordo com a polícia, a retirada dos corpos da mata foi feita por pessoas ainda não identificadas, não se sabe se moradores ou integrantes da facção, e o procedimento correto seria aguardar o recolhimento pelo Instituto Médico-Legal (IML). O reconhecimento oficial das vítimas deve ocorrer nos necrotérios do órgão.>
As imagens dos corpos enfileirados se espalharam rapidamente pelas redes sociais e foram divulgadas por veículos de imprensa nacionais e internacionais, alimentando versões distintas sobre o que aconteceu na região.>
Clima de medo e reforço na segurança>
O cenário na Penha é de luto e revolta. Parentes e vizinhos permanecem nas ruas em busca de informações sobre desaparecidos, enquanto relatos de tiroteios isolados ainda são ouvidos na região.>
Diante da repercussão, o governo do Rio anunciou reforço no policiamento em várias áreas da capital. Segundo nota da Polícia Militar, agentes que atuavam em funções administrativas foram deslocados para operações externas, ampliando em 40% o efetivo nas ruas.>
O governador Cláudio Castro (PL) voltou a cobrar apoio federal, afirmando que o estado “está sozinho” no combate ao crime organizado. O Ministério da Justiça, por outro lado, negou omissão e disse que todos os pedidos do governo fluminense foram atendidos, com operações federais em andamento no território do Rio.>
Com informações do Metrópoles>