Defesa afirma que acusação contra Braga Netto se baseia apenas em delação mentirosa

Advogado afirma que ex-ministro e vice na chapa de Bolsonaro em 2022 pode “morrer na cadeia” por acusações sem provas além da palavra de Mauro Cid.

Publicado em 3 de setembro de 2025 às 16:38

Advogado afirma que ex-ministro e vice na chapa de Bolsonaro em 2022 pode “morrer na cadeia” por acusações sem provas.
Advogado afirma que ex-ministro e vice na chapa de Bolsonaro em 2022 pode “morrer na cadeia” por acusações sem provas. Crédito: Agência Brasil

O advogado José Luis Mendes de Oliveira Lima, conhecido como Juca, afirmou nesta quarta-feira (03) que o general Walter Braga Netto pode ser condenado a morrer na prisão com base em uma “delação premiada mentirosa” do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Segundo o defensor, Cid prestou depoimento após passar quatro meses preso e chegou a dizer, em áudios revelados pela revista Veja, que foi coagido a colaborar. “Não há a menor dúvida de que a voluntariedade nesse acordo de colaboração premiada ficou à margem. Foi coagido sim, e quem disse isso foi ele”, afirmou Juca. O advogado destacou ainda que o delator apresentou 15 versões diferentes sobre os fatos investigados.

Uma das acusações mais graves contra Braga Netto seria a de que Cid recebeu uma sacola de vinho com grande quantia em dinheiro para financiar a execução de um golpe de Estado. No entanto, de acordo com a defesa, essa versão só surgiu 15 meses após o primeiro depoimento e depois de o ministro Alexandre de Moraes levantar suspeitas sobre a credibilidade da delação, justamente pela mudança de versões.

É com essa mentira que meu cliente vai ser condenado por 20 anos, que meu cliente vai morrer na cadeia?”, questionou Juca, que classificou Cid como “irresponsável” e “artista de péssima qualidade”. O advogado ressaltou contradições sobre a suposta entrega do dinheiro, que o próprio delator não soube dizer onde nem quando teria ocorrido, e destacou que despesas atribuídas à tentativa de golpe foram pagas com cartão de crédito, e não em espécie.

O defensor também criticou a Procuradoria-Geral da República, que em mais de 500 páginas de alegações finais não teria apresentado provas além da palavra de Cid. “Acusação que fez um discurso muito bem lido aqui, mas não tem prova, é uma narrativa acusatória. Não se pode condenar alguém com base em narrativas, mas com base em provas”, afirmou.

O julgamento foi retomado nesta quarta-feira (03) na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que analisa se o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete aliados, incluindo Braga Netto, participaram de uma trama golpista para mantê-lo no poder após a derrota nas eleições de 2022.

Elias Felippe (Estagiário sob supervisão de Cássio Leal, editor chefe).