Empresário investigado pela PF tem R$ 1,7 bilhão em contratos públicos com União e Amapá, afirma portal

Breno Chaves Pinto, ligado ao senador Davi Alcolumbre, é suspeito de fraudes em licitações e tráfico de influência no Dnit.

Publicado em 26 de julho de 2025 às 09:33

Empresário é investigado por suspeita de fraude em licitações - 
Empresário é investigado por suspeita de fraude em licitações -  Crédito: Márcia do Carmo/Governo do Amapá

O empresário Breno Barbosa Chaves Pinto, alvo de uma operação da Polícia Federal por suspeita de fraudes em licitações e desvio de recursos públicos no Amapá, acumula ao menos R$ 1,7 bilhão em contratos com órgãos da União, do governo estadual e de outros entes públicos. O levantamento foi feito pelo portal UOL e aponta que os contratos envolvem as empresas LB Construções e Construtora e Reflorestadora Rio Pedreira, herdadas por ele de familiares e com atuação no setor de pavimentação de rodovias.

As empresas têm R$ 1 bilhão em contratos com o governo do Amapá, R$ 595 milhões com o governo federal e outros R$ 45 milhões com entes diversos. Breno é segundo suplente do senador Davi Alcolumbre (União-AP), atual presidente do Senado. O maior contrato estadual, no valor de R$ 934 milhões, já foi aditivado 14 vezes desde 2011, e é alvo de investigações do Ministério Público do Amapá (MP-AP) devido a atrasos e problemas na execução das obras. O edital do contrato é considerado “guarda-chuva”, sem objeto claro definido.

A operação “Route 156”, deflagrada pela Polícia Federal na terça-feira (23), cumpriu 11 mandados de busca e apreensão. A investigação aponta que dois pregões do Dnit, vencidos pela Rio Pedreira e que somam R$ 25,1 milhões, foram supostamente fraudados para beneficiar o grupo de Chaves Pinto. Há ainda indícios de que o empresário usava sua condição de suplente de Alcolumbre para exercer influência sobre o órgão.

Interceptações telefônicas mostram que a coordenadora do Dnit, indicada por Breno, afirmou que “o Breno manda aqui no Dnit” e que o superintendente da autarquia no Amapá, Marcello Vieira Linhares, foi indicado por ele. Linhares foi afastado do cargo por dez dias, de forma cautelar. As mensagens também sugerem articulação política de Alcolumbre para liberar recursos federais via emendas parlamentares, com o objetivo de beneficiar as empresas do suplente.

Em uma das conversas, o superintendente agradece a Breno por um aumento de repasses de R$ 30 milhões para R$ 58 milhões, atribuindo o reforço financeiro às “tratativas do nosso senador”.

Em nota, Davi Alcolumbre afirmou que “não possui qualquer relação com as empresas citadas na operação, nem com a atuação empresarial do seu segundo suplente”. O senador declarou ainda respeito às instituições e defendeu que os envolvidos prestem esclarecimentos à Justiça.

Além de Breno Chaves Pinto, a empresa LCM Construções, do empresário Luiz Otávio Fontes Junqueira, também é investigada. A Polícia Federal apura indícios de fraude e favorecimento em dois pregões no Dnit do Amapá, que somam R$ 35 milhões.