Ex-funcionário afirma que falha em avião da Voepass foi omitida de diário de bordo horas antes de acidente

A omissão no TLB pode ter sido usada como justificativa para a liberação do avião, que não deveria ter decolado nas condições em que se encontrava.

Publicado em 2 de agosto de 2025 às 10:42

A omissão no TLB pode ter sido usada como justificativa para a liberação do avião, que não deveria ter decolado nas condições em que se encontrava.
A omissão no TLB pode ter sido usada como justificativa para a liberação do avião, que não deveria ter decolado nas condições em que se encontrava. Crédito: Reprodução 

Quase um ano após a queda do voo 2283 da Voepass, que deixou 62 mortos em Vinhedo (SP), um novo relato reforça suspeitas sobre falhas na manutenção da aeronave. Em entrevista ao portal g1, um ex-auxiliar de manutenção da companhia revelou que o sistema de degelo do avião apresentou problemas horas antes do acidente, mas a falha não foi registrada no diário de bordo.

De acordo com o ex-funcionário, o comandante que havia utilizado o ATR 72-500 na madrugada anterior à tragédia relatou verbalmente à equipe de manutenção que o sistema de degelo estava desarmando sozinho durante o voo, o que não deveria ocorrer. No entanto, a ocorrência não foi anotada no TLB (technical log book), documento técnico obrigatório que registra falhas e manutenções em aeronaves comerciais.

“Essa aeronave nunca tinha apresentado esse tipo de falha, né? Só que no dia do acidente, quando essa aeronave chegou de Guarulhos para Ribeirão, ela foi reportada verbalmente pelo comandante que trouxe ela. Foi alegado que ela tinha apresentado o airframe fault [alerta emitido quando há problema no degelo] durante o voo. E ela estava desarmando sozinha. Ele acionava [o sistema] e ela desarmava. Coisa que não poderia acontecer”, disse a testemunha.

O voo 2283 decolou rumo a Cascavel (PR) em 9 de agosto de 2024. A bordo, 62 pessoas morreram após a queda. Segundo o Regulamento Brasileiro da Aviação Civil (RBAC), o funcionamento correto do sistema de degelo é essencial para voos em áreas com risco de formação de gelo, como era o caso do trajeto percorrido pela aeronave naquele dia.

A omissão no TLB pode ter sido usada como justificativa para a liberação do avião, que não deveria ter decolado nas condições em que se encontrava.

A Voepass e as autoridades de aviação civil ainda investigam o caso. A denúncia do ex-funcionário pode reforçar linhas de apuração sobre negligência técnica antes do acidente.

Com informações do G1