Greve por tempo indeterminado nos Correios se espalha por sete estados; confira a lista

Paralisação atinge grandes bases do país, cobra manutenção de direitos e ocorre em meio à crise financeira e negociações mediadas pelo TST.

Publicado em 17 de dezembro de 2025 às 12:00

Greve por tempo indeterminado nos Correios se espalha por sete estados; confira a lista
Greve por tempo indeterminado nos Correios se espalha por sete estados; confira a lista Crédito:  MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL

Servidores dos Correios em diversos estados decidiram cruzar os braços por tempo indeterminado após assembleias realizadas nesta terça-feira (16). A paralisação foi aprovada por sindicatos que representam trabalhadores em São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Ceará e Paraíba, além de bases regionais como Vale do Paraíba, Campinas, Santos e Londrina. O movimento começou às 22h e amplia a pressão sobre a direção da estatal, que ainda não apresentou proposta econômica no atual acordo coletivo de trabalho (ACT).

A greve é resultado de um impasse que se arrasta desde julho, quando venceu o ACT negociado pela gestão anterior dos Correios e que vem sendo prorrogado sem consenso. Entre as principais reivindicações estão a manutenção do adicional de 70% nas férias, o pagamento em dobro pelos serviços prestados aos fins de semana e a criação de um vale-alimentação de fim de ano no valor de R$ 2,5 mil, dividido em duas parcelas, apelidado pelos trabalhadores de “vale-peru”.

Em nota, o sindicato dos servidores em Minas Gerais afirmou que a direção da empresa “não apresenta proposta econômica e ameaça direitos históricos”, além de apontar riscos ao plano de saúde da categoria, cortes de benefícios, mudanças na jornada e a não contratação de concursados. A entidade também criticou a adoção do Sistema de Distritamento (SD) e as condições de trabalho nas unidades.

O movimento ganhou apoio de outras entidades sindicais. Em Curitiba, o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (Sismuc) declarou que a greve dos Correios reflete um cenário mais amplo de retirada de direitos e enfraquecimento dos serviços públicos, o que, segundo a entidade, abre caminho para processos de terceirização e privatização.

Apesar da adesão significativa, nem todas as bases decretaram greve imediata. Doze sindicatos optaram por manter estado de greve, uma condição de alerta e mobilização, em estados como Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Pará, Maranhão e Rio Grande do Norte, entre outros.

As negociações seguem sob mediação do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que realizou reuniões com representantes da empresa e dos sindicatos na última semana, na segunda-feira (15), e novamente nesta terça (16). Até o momento, não houve acordo.

O embate ocorre em meio ao agravamento da situação financeira dos Correios. A estatal acumula prejuízo superior a R$ 6 bilhões até setembro e tenta viabilizar um empréstimo com garantia do Tesouro Nacional. Uma proposta inicial de R$ 20 bilhões foi rejeitada, e uma nova solicitação, no valor de R$ 12 bilhões, continua em análise no Ministério da Fazenda. O plano de reestruturação inclui, ainda, um Programa de Demissão Voluntária (PDV) que prevê a saída de até 15 mil funcionários até 2027.

Os trabalhadores afirmam que não podem ser responsabilizados pelo rombo financeiro da empresa e defendem que a recomposição salarial e a preservação de benefícios são fundamentais para a valorização da categoria e a manutenção do serviço postal. Enquanto isso, a paralisação amplia os impactos operacionais e mantém o clima de incerteza sobre o futuro da estatal.