Mutirão de saúde leva especialistas a comunidades quilombolas do Marajó

Moradores de 13 comunidades quilombolas dos municípios de Salvaterra e Soure, no arquipélago do Marajó, estão recebendo atendimentos de saúde que, para muitos, nunca haviam chegado tão perto de casa. Até o dia 23 de dezembro, um mutirão reúne médicos, dentistas, professores e estudantes universitários para levar consultas, exames e cuidados especializados a uma região marcada por dificuldades de acesso aos serviços de saúde.

A iniciativa integra o programa Agora Tem Especialistas e prevê cerca de 2 mil consultas e exames em áreas como cardiologia, ginecologia, pediatria, psiquiatria e oftalmologia, além de aproximadamente 1,5 mil procedimentos odontológicos. A ação é realizada em parceria com a AgSUS e a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), por meio do projeto Bandeira Científica.

Ao todo, cerca de 220 profissionais e estudantes participam da expedição, considerada inédita na região. Escolas e outros espaços públicos estão sendo adaptados para funcionar como postos de atendimento, facilitando o acesso da população quilombola a serviços de média e alta complexidade, em um território que enfrenta desafios como o isolamento geográfico e a dispersão das comunidades.

Além das consultas médicas, o mutirão inclui atendimento nutricional, escovação supervisionada e cuidados de saúde bucal para crianças, com a meta de alcançar 1,5 mil atendimentos odontológicos. Também estão previstas cerca de 200 ultrassonografias e a distribuição de 200 óculos para moradores que necessitam de correção visual.

A programação vai além dos atendimentos clínicos. Estão sendo realizadas palestras e ações educativas voltadas para idosos, adolescentes e pessoas com doenças crônicas, além de atividades relacionadas ao saneamento básico, desenvolvidas por estudantes da área de Engenharia Ambiental. Oficinas culturais de carimbó, artesanato e cerâmica, assim como rodas de escuta, fazem parte da proposta de integrar cuidado, cultura e acolhimento.

Para os organizadores, a presença dos estudantes no território também contribui para a formação de profissionais mais conscientes da realidade brasileira. A vivência direta nas comunidades do Marajó ajuda a aproximar o aprendizado acadêmico das necessidades reais da população, fortalecendo o compromisso com um atendimento mais humano e respeitoso.

O mutirão faz parte de um conjunto de ações do programa Agora Tem Especialistas, criado para reduzir o tempo de espera por consultas, exames e cirurgias no Sistema Único de Saúde (SUS). Desde maio de 2025, a iniciativa tem ampliado a oferta de atendimentos especializados em todo o país por meio de mutirões, carretas de saúde, ampliação de horários nas unidades e reforço na formação de médicos especialistas.

No Marajó, a expectativa é que a ação deixe impactos que vão além dos números, aproximando o cuidado em saúde de populações historicamente afastadas dos serviços especializados.