Jards Macalé, autor de “Vapor Barato”, morre aos 82 anos no Rio

Cantor, compositor e figura central da música brasileira, ele deixa obra marcante gravada por Gal Costa, Maria Bethânia e outros grandes nomes

Publicado em 17 de novembro de 2025 às 18:50

Cantor, compositor e figura central da música brasileira, ele deixa obra marcante gravada por Gal Costa, Maria Bethânia e outros grandes nomes
Cantor, compositor e figura central da música brasileira, ele deixa obra marcante gravada por Gal Costa, Maria Bethânia e outros grandes nomes Crédito: Divulgação

O músico, cantor e compositor Jards Macalé morreu nesta segunda-feira (17), no Rio de Janeiro, aos 82 anos. Autor de clássicos como “Vapor Barato”, Macalé estava internado na Barra da Tijuca, onde tratava problemas pulmonares, e sofreu uma parada cardíaca. A morte foi confirmada por amigos e anunciada nas redes sociais do artista.

Em nota, sua equipe lembrou que Macalé chegou a acordar de uma cirurgia cantando “Meu Nome é Gal”, símbolo do humor e da energia que o acompanharam ao longo da vida. “É assim que sempre lembraremos do nosso mestre, professor e farol de liberdade”, diz o comunicado, que promete divulgar em breve as informações sobre o funeral.

Nascido no Rio em 1943, Jards Anet da Silva iniciou a carreira nos anos 1960, quando teve sua primeira música gravada por Elizeth Cardoso. Tornou-se rapidamente conhecido pelo espírito vanguardista e pela recusa a seguir padrões comerciais, sendo apelidado de “anjo torto da MPB”. Sua projeção nacional veio em 1969, com a marcante apresentação de “Gotham City” no Festival Internacional da Canção.

O álbum de estreia, lançado em 1972, selou sua estética misturada de rock, samba, jazz, blues, baião e música experimental. Ao longo das décadas, assinou composições que se tornaram parte da história da MPB, como “Hotel das Estrelas”, “Anjo Exterminado”, “Mal Secreto” e a icônica “Vapor Barato”, eternizada nas vozes de Gal Costa, Maria Bethânia e O Rappa.

Bethânia lamentou a morte do amigo: “Meu amor, meu amigo… Fará muita falta neste mundo.” Caetano Veloso também prestou homenagem emocionada, lembrando que Macalé dirigiu musicalmente o álbum “Transa”, gravado durante o exílio em Londres. “Sem Macalé não haveria Transa”, escreveu o cantor.

Companheiro de poetas como Waly Salomão, coautor de “Vapor Barato” , Vinicius de Moraes, Torquato Neto e José Carlos Capinan, Macalé construiu uma obra marcada pela experimentação e pela defesa intransigente da liberdade criativa. Teve afinidade artística com nomes como Luiz Melodia, igualmente resistente às pressões do mercado musical.

Além da música, transitou pelo cinema, teatro, televisão e artes plásticas. Atuou em filmes como “O Amuleto de Ogum” e “Tenda dos Milagres”, e participou de trilhas sonoras de obras como “Macunaíma” e “O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro”.

Mesmo após mais de 60 anos de carreira, continuou ativo e relevante. Seu último álbum, “Besta Fera”, lançado em 2019, foi elogiado pela crítica. Macalé deixa um legado eterno na música brasileira, fiel à própria frase que costumava repetir: “Eu não quero mais ser moderno, quero ser eterno.”