Líder indígena critica fala de Luciano Huck durante gravações no Xingu

Repercussão gerou debate sobre estereótipos e representação dos povos indígenas na mídia após pedido feito por Luciano Huck durante gravações no Xingu.

Publicado em 6 de dezembro de 2025 às 11:01

(Líder indígena critica fala de Luciano Huck durante gravações no Xingu)
(Líder indígena critica fala de Luciano Huck durante gravações no Xingu) Crédito: Reprodução/Redes Sociais 

Uma fala de Luciano Huck durante gravações no Xingu gerou reperagem nas redes sociais. O apresentador teria pedido que moradores de uma aldeia escondessem celulares e roupas consideradas “comuns” para uma foto, o que abriu debate sobre a representação dos povos indígenas na mídia.

A situação motivou reação de lideranças indígenas, que apontam que o episódio reflete uma visão romantizada sobre as comunidades brasileiras. Para o coordenador executivo da Apib, que atua há mais de duas décadas na militância indígena, a fala ignoraria a realidade contemporânea dos povos originários, que convivem com a tecnologia, frequentam universidades, participam da política e mantêm suas tradições vivas.

Segundo ele, o caso ajuda a revelar como parte da sociedade ainda alimenta uma imagem “congelada” do indígena, como se estivesse preso ao passado. Essa percepção, segundo a liderança, não é apenas social, mas também histórica, sustentada por antigas legislações que tratavam os povos como tutelados pelo Estado até a Constituição de 1988.

A crítica aponta que a ideia de que celular, internet ou acesso ao ensino superior seriam incompatíveis com identidade indígena reforça um equívoco. Negar progresso e participação contemporânea seria uma forma de manter o estereótipo de que os povos precisam permanecer “puros” para serem reconhecidos como indígenas.

O líder destaca ainda que mostrar quem são os indígenas hoje, diversos, politizados e atuantes, é fundamental para visibilidade política, cultural e territorial. Ele lembra que até o fim dos anos 1990 se falava no desaparecimento das comunidades, algo desmentido pela permanência e fortalecimento dos povos originários.

Apesar das críticas, ele pondera que o caso poderia ter sido evitado com diálogo prévio. Para ele, ajustes de imagem ou enquadramento em filmagens deveriam ser acordados antes, para evitar constrangimentos ou interpretações equivocadas.

Nas redes sociais, Huck respondeu.

Após a repercussão, o apresentador afirmou que o pedido não teve intenção de impor restrição cultural. Em nota, declarou que a orientação fez parte de uma decisão estética durante a gravação e que sua relação com comunidades indígenas é antiga, defendendo a autonomia dos povos sobre seus modos de vida.

As imagens foram captadas durante visita ao Xingu, onde Huck e a cantora Anitta acompanharam o Kuarup e estiveram com lideranças locais. O conteúdo deve integrar uma futura edição do programa dominical, ainda sem previsão para ir ao ar.