Ministério Público e Polícia Civil desarticulam rede do PCC que usava lojas infantis como fachada

Esquema ligado ao Primeiro Comando da Capital utilizava rede de lojas de brinquedos para ocultar R$ 4,3 milhões.

Publicado em 22 de outubro de 2025 às 08:37

Ministério Público e Polícia Civil desarticulam rede do PCC que usava lojas infantis como fachada
Ministério Público e Polícia Civil desarticulam rede do PCC que usava lojas infantis como fachada Crédito: Fernando Frazão/Agência Brasil

Na manhã desta quarta-feira (22), uma operação conjunta entre o Ministério Público de São Paulo (MPSP), a Polícia Civil e a Fazenda estadual desarticulou uma rede de lavagem de dinheiro ligada ao Primeiro Comando da Capital (PCC). A investigação aponta que lojas de brinquedos infantis, localizadas em shoppings da capital e da região metropolitana, serviam como fachada a ocultação de valores desviados do crime organizado.

Seis mandados de busca e apreensão foram cumpridos em quatro endereços: dois na capital, no Shopping Center Norte e no Shopping Móoca –, um em Guarulhos (Shopping Internacional) e outro em Santo André, no ABC paulista. No total, a Justiça determinou o sequestro e bloqueio de bens e valores na ordem de R$ 4,3 milhões, para assegurar futura reparação de danos, pagamento de custas processuais e penalidades pecuniárias.

A investigação concentra-se em pessoas ligadas a Cláudio Marcos de Almeida, o “Django”, apontado como integrante de destaque do PCC, responsável por comércio de drogas em grande escala e armamento pesado; ele foi assassinado em janeiro de 2022, em disputas internas da facção. Segundo o MPSP, sua ex-companheira e irmã investiram recursos vultosos, sem ocupação lícita declarada, para constituir quatro lojas de uma rede de franquias de brinquedos.

A operação, batizada de “Operação Push”, referência ao ramo de pelúcias e brinquedos, vem na esteira de outros desdobramentos contra o PCC, que há anos infiltra o mercado formal como instrumento de lavagem de ativos ilícitos. Em investigações recentes, empresas de fachada como motéis, postos de combustíveis e redes de franquias foram identificadas como utilizadas para movimentar recursos do crime organizado e ocultar patrimônio.

Nesta nova frente de combate, o uso de lojas de brinquedos destaca-se por explorar estabelecimentos aparentemente inocentes e voltados ao público infantil, o que, segundo especialistas, pode reduzir o grau de suspeita e facilitar a movimentação financeira sem questionamentos imediatos.

Até o momento, os alvos da ação permanecem sob investigação, e não houve divulgação oficial dos nomes completos dos envolvidos, tampouco das quantias exatas investidas nas lojas-fachada. A defesa das pessoas investigadas ainda não se manifestou publicamente.

A medida representa mais um passo na ofensiva contra as finanças de organizações criminosas no país, reforçando que, além do combate ao tráfico e violência, o enfrentamento à lavagem de dinheiro exige vigilância sobre o “lado formal” da economia, onde negócios aparentemente comuns abrigam operações ilícitas.

Se desejar, posso levantar o histórico completo da “Django” no PCC, mais detalhes sobre a rede de franquias investigadas ou como funcionam as técnicas de lavagem de dinheiro por meio de estabelecimentos de varejo.