Publicado em 10 de maio de 2025 às 14:24
O advogado-geral da União (AGU), Jorge Messias, chamou de “lacração” um vídeo sobre a fraude no INSS divulgado na terça-feira (06) pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), em suas redes sociais. No vídeo, o parlamentar culpa o governo de Lula pelo esquema de descontos fraudados e diz que é o “maior escândalo de corrupção do país”.>
Sem citar nomes, Messias criticou um “deputado” que fez um vídeo com o objetivo de causar "terror e pânico na população” e afirmou que o esquema de fraudes no INSS foi estruturado “nos estertores do governo anterior”.>
O advogado-geral também acrescentou que a gestão de Jair Bolsonaro (PL) tentou desmontar a Dataprev, estatal responsável pela proteção dos dados da Previdência. A declaração foi dada durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira (08), em que o ministro anunciou um plano de ressarcimento a segurados que sofreram descontos indevidos.>
"Eu vi que um deputado fez um vídeo com o objetivo de lacrar e causar terror e pânico na população. É importante que ele questione ao presidente que ele apoiou por que ele colocou a empresa pública que dá suporte à produção e à guarda desses bens para vender e desmontou essa empresa. Espero que isso seja apurado”, disse.>
“Está muito claro que uma tecnologia criminosa, um modelo criminoso de engenharia criminosa foi montada pelo governo anterior”, afirmou Jorge Messias.>
Vídeo de Nikolas Ferreira incomodou o governo Lula>
O Palácio do Planalto já planeja uma ofensiva contra o vídeo de Nikolas Ferreira. A estratégia é ligar o escândalo do INSS ao ex-presidente Jair Bolsonaro, já que as fraudes começaram em 2019. Mais cedo, o ministro da Controladoria-Geral da União, Vinícius Carvalho, publicou um vídeo nesta quinta-feira (08) em que rebate a publicação de Nikolas Ferreira sobre o escândalo das fraudes no INSS.>
“Não é hora de espalhar medo ou mentira. É grave, muito grave usar a mentira ou truques de contexto para enganar o povo ou politizar um tema tão importante para o país, que é o combate à corrupção”, diz Carvalho.>
Na quarta-feira (07), a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, também respondeu à publicação de Nikolas. Além de atribuir o esquema de descontos ilegais ao governo Bolsonaro, ela afirma que foi só no governo Lula que o caso foi investigado.>
"Vamos desmascarar as mentiras que a oposição bolsonarista está espalhando nas redes: Foi no governo Bolsonaro que quadrilhas criaram entidades fantasmas para roubar os aposentados, sem que nada fosse feito para investigá-las ou coibir sua ação no INSS. A maior parte das associações investigadas passou a atuar no governo Bolsonaro", diz a postagem, no X.>
No vídeo de quase 6 minutos e meio, divulgado no último dia 06, Nikolas Ferreira apresenta uma linha do tempo, alegando que o governo Bolsonaro apresentou uma Medida Provisória (MP) em 2019 para combater fraudes nos descontos do INSS. Ele também afirmou que, em 2022, "a esquerda se opôs" à lei. Em seguida, diz que os esquemas se intensificaram a partir de 2023, quando Lula assumiu a Presidência da República.>
No final, o parlamentar defende a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar os roubos aos aposentados. Ele solicita que a população envie mensagens ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), e ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União), pelas redes sociais para pressioná-los a instaurar a comissão.>
O deputado distorce uma informação sobre o valor movimentado na fraude, ao dizer que só em 2023, “35 mil (beneficiários) reclamaram de fraude” e que o valor movimentado é de R$ 90 milhões, mas essa quantia foi de empréstimos consignados liberados para aposentados e pensionistas ao longo de 2023.>
Na verdade, a CGU e a PF ainda apuram do valor total de descontos, o quanto foi devidamente autorizado e o quanto foi ilegal.>