Pasta de dente feita de cabelo pode evitar cáries e restaurar esmalte dos dentes, diz estudo

A pesquisa aponta que o material cria uma camada protetora que imita a estrutura e a função do esmalte natural ao entrar em contato com minerais presentes na saliva.

Publicado em 16 de agosto de 2025 às 11:42

Quando aplicada ao dente e exposta aos minerais da saliva, a proteína forma uma estrutura cristalina altamente organizada, semelhante ao esmalte natural.
Quando aplicada ao dente e exposta aos minerais da saliva, a proteína forma uma estrutura cristalina altamente organizada, semelhante ao esmalte natural. Crédito: Reprodução

Um estudo publicado na terça-feira (12), revela que a queratina, proteína encontrada em cabelo, pele e lã, pode reparar o esmalte dos dentes e interromper estágios iniciais de cárie. A pesquisa, conduzida por cientistas do King’s College London, aponta que o material cria uma camada protetora que imita a estrutura e a função do esmalte natural ao entrar em contato com minerais presentes na saliva.

Diferentemente de ossos e cabelos, o esmalte dental não se regenera. “Quando se perde esmalte, ele não volta. Isso aumenta a sensibilidade, causa dor e pode levar à perda do dente”, explica o professor Sherif Elsharkawy, consultor em prótese dentária e autor sênior do estudo.

A erosão do esmalte é provocada por fatores como alimentos e bebidas ácidas, má higiene bucal e envelhecimento. Embora cremes dentais com flúor sejam capazes de desacelerar esse processo, o novo tratamento à base de queratina mostrou potencial para interrompê-lo por completo.

Além de reforçar a estrutura do dente, a proteína sela canais nervosos expostos, reduzindo a sensibilidade. A aplicação pode ser feita de duas formas: por meio de um creme dental de uso diário ou em gel profissional, semelhante a um “esmalte” aplicado por dentistas.

Natural e sustentável

O estudo, publicado na revista Advanced Healthcare Materials, utilizou queratina extraída de lã. Quando aplicada ao dente e exposta aos minerais da saliva, a proteína forma uma estrutura cristalina altamente organizada, semelhante ao esmalte natural.

Com o tempo, essa “rede” atrai íons de cálcio e fosfato, resultando no crescimento de uma camada protetora ao redor do dente. “Além de ser obtida de resíduos biológicos, como cabelo e pele, a queratina dispensa o uso de resinas plásticas tradicionais, que são tóxicas e menos duráveis. Também oferece um aspecto mais natural, combinando melhor com a cor do dente original”, explica Sara Gamea, doutoranda no King’s College London e primeira autora do estudo.

Futuro da odontologia

O tratamento deve estar disponível ao grande público em dois a três anos, segundo a equipe. Os cientistas já estudam formas de aplicação clínica e buscam parcerias para viabilizar a produção em escala.

A descoberta também responde a preocupações sobre a sustentabilidade dos materiais odontológicos e os efeitos do uso prolongado de flúor, reforçando a tendência de aproveitar resíduos biológicos na medicina.

“Essa tecnologia une biologia e odontologia, oferecendo um biomaterial ecológico que reproduz processos naturais”, completa Sara Gamea.

“Estamos entrando em uma era em que a biotecnologia nos permite restaurar funções biológicas usando materiais do próprio corpo. Com mais desenvolvimento e as parcerias certas, podemos cultivar sorrisos mais fortes e saudáveis a partir de algo tão simples quanto um corte de cabelo”, conclui Elsharkawy.

Qual é a principal descoberta do estudo sobre a pasta de dente feita de cabelo e pele?

O estudo revela que a queratina, uma proteína encontrada em cabelo, pele e lã, pode reparar o esmalte dos dentes e interromper os estágios iniciais de cárie. Essa proteína cria uma camada protetora que imita a estrutura e a função do esmalte natural ao entrar em contato com minerais presentes na saliva.

Quem conduziu a pesquisa e onde foi publicada?

A pesquisa foi conduzida por cientistas do King's College London e foi publicada na revista Advanced Healthcare Materials.

Como a erosão do esmalte dental ocorre?

A erosão do esmalte é provocada por fatores como alimentos e bebidas ácidas, má higiene bucal e envelhecimento. Embora cremes dentais com flúor possam desacelerar esse processo, o novo tratamento à base de queratina mostrou potencial para interrompê-lo completamente.

Quais são os benefícios da aplicação da queratina nos dentes?

Além de reforçar a estrutura do dente, a queratina sela canais nervosos expostos, reduzindo a sensibilidade. A aplicação pode ser feita por meio de um creme dental de uso diário ou em gel profissional, semelhante a um "esmalte" aplicado por dentistas.

Como a queratina se transforma em uma camada protetora nos dentes?

Quando aplicada ao dente e exposta aos minerais da saliva, a queratina forma uma estrutura cristalina altamente organizada, semelhante ao esmalte natural. Com o tempo, essa rede atrai íons de cálcio e fosfato, resultando no crescimento de uma camada protetora ao redor do dente.

Quando o tratamento deve estar disponível ao público?

O tratamento deve estar disponível ao grande público em dois a três anos, segundo a equipe de pesquisa, que já estuda formas de aplicação clínica e busca parcerias para viabilizar a produção em escala.

Qual é a importância dessa descoberta em relação à sustentabilidade?

A descoberta responde a preocupações sobre a sustentabilidade dos materiais odontológicos e os efeitos do uso prolongado de flúor, reforçando a tendência de aproveitar resíduos biológicos na medicina.

Como a tecnologia da queratina se relaciona com a biotecnologia?

A tecnologia une biologia e odontologia, oferecendo um biomaterial ecológico que reproduz processos naturais. Os pesquisadores acreditam que a biotecnologia pode permitir a restauração de funções biológicas usando materiais do próprio corpo.