‘Pedófilos se incomodaram por quebrar o esquema deles’, diz Felca sobre ameaças

Youtuber denunciou esquema de exploração de crianças e adolescentes nas redes sociais no vídeo ‘Adultização’, que já soma quase 40 milhões de visualizações em uma semana.

Publicado em 17 de agosto de 2025 às 10:05

O youtuber Felca durante denúncias sobre adultização de crianças.
O youtuber Felca durante denúncias sobre adultização de crianças. Crédito: Reprodução

O youtuber Felca falou durante entrevista ao programa Altas Horas da TV Globo, sobre a repercussão do vídeo-denúncia a respeito da adultização de crianças e adolescentes nas redes sociais. O criador de conteúdo apontou que o maior problema não está apenas na exposição em si, mas no uso indevido das imagens de menores de idade.

Felca considera a repercussão do vídeo como algo positivo, mas junto com apoio vieram críticas, ataques e até ameaças. Inclusive de pessoas que, segundo ele, estariam diretamente envolvidas nos esquemas que expôs.

Olha, a gente não sabe exatamente o que vai acontecer, mas virão ameaças, talvez venham alguns processos, talvez venha gente insatisfeita com o que eu fiz. Existem também - e isso é delicado de falar, mas é verdade - alguns pedófilos que se incomodaram pessoalmente por eu estar tentando quebrar o esquema de pedofilia deles. Esses pedófilos vão se sentir atacados pessoalmente e vão bater de frente. Mas, sinceramente, quem tem que ter medo são eles, não uma pessoa que está denunciando

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A Justiça de São Paulo determinou a quebra do sigilo de 233 perfis da internet que usaram as redes sociais para acusar o youtuber o Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca, de pedofilia e assédio. Os xingamentos foram realizados quando Felca fazia suas pesquisas para o vídeo "Adultização", publicado em seu canal no YouTube no dia 6 de agosto.

O material, que já acumula mais de 40 milhões de visualização, expõe casos de influencers que, em troca de monetização das plataformas, praticam a exploração infantil por meio de vídeos que mostram crianças e adolescentes de forma sexualizada, seminuas e ingerindo bebidas alcóolicas em festas. Usuários alegaram que o youtuber seguia as páginas e o acusaram de consumir e endossar o esse tipo de conteúdo.

A decisão pela autorização da quebra de sigilo foi assinada na última terça (12), pela juíza Flavia Poyares Miranda. A magistrada entendeu que Felca foi vítima de injúria e que os xingamentos, alguns feitos de forma anônima, ferem o Marco Civil da Internet.

Para isso, a juíza pede ao X (que concentra a maior parte dos perfis processados) e o YouTube que forneça os dados cadastrais, os IPs de criação das contas, e os 'logs' de acesso para a identificação dos autores das postagens ofensivas. A magistrada determina, também, que os perfis das contas sejam removidos. Caso as ordens não sejam cumpridas, a empresa poderá sofrer uma sanção de R$ 200 por dia, com teto de 30 dias.

Felca afirma ter entrado com um processo contra mais de 200 perfis que usaram as redes digitais para o acusaram de pedofilia e de consumir conteúdo de exploração sexual infantil. Em respostas às acusações, ele explicou diz que só seguia as páginas como forma de obter material para o seu vídeo de denúncia.

Uma das usuárias, segundo ele, publicou que o youtuber não apenas seguia os perfis, como também endossava os materiais, dando like nas postagens - o que ele nega. "Isso configura difamação. Eu afirmei que era para um vídeo e ela apagou a sua conta no Twitter (nome antigo para a atual rede X)", disse.

Seu advogado, João de Senzi, publicou no X a lista com o nome de todas as contas processadas. O youtuber sugeriu um acordo: em troca da remoção do processo, as pessoas alvos da ação devem doar R$ 250 para alguma instituição de proteção de infância e combate a exploração infantil recomendada por ele, junto com um pedido de desculpas pelos comentários ditos na internet.

"A única pessoa que ganha quando a palavra 'pedofilia' é vulgarizada é o próprio pedófilo", disse o youtuber ao justificar a motivação por judicializar o caso. De acordo com o advogado de Felca, mais de 80 pessoas fizeram as doações e se retrataram.