Publicado em 13 de novembro de 2025 às 18:30
A Polícia Federal afirma que o ex-presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alessandro Stefanutto, preso na Operação Sem Desconto, recebia uma espécie de “mesada” de R$ 250 mil em propina da Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer).>
Segundo a PF, os valores eram pagos por meio de empresas de fachada, entre elas uma pizzaria, uma imobiliária e um escritório de advocacia, que teriam sido usadas para ocultar o dinheiro vindo de fraudes ligadas à Conafer. Em planilhas apreendidas pela investigação, Stefanutto era identificado pelo apelido de “italiano”.>
De acordo com o relatório policial, os repasses aumentaram após ele assumir a presidência do INSS.>
“O valor mensal da propina chegou a R$ 250 mil após a nomeação. Os pagamentos provinham diretamente do escoamento da fraude em massa da Conafer”, diz trecho do documento.>
As investigações apontam que os repasses ocorreram principalmente entre junho de 2023 e setembro de 2024, com um pagamento isolado de R$ 250 mil em outubro de 2022. O dinheiro, segundo a PF, vinha de empresas controladas por Cícero Marcelino de Souza Santos, apontado como operador financeiro do esquema. As transferências eram disfarçadas de pagamentos por serviços de consultoria ou assessoria técnica.>
A Conafer, alvo central da operação, teria arrecadado R$ 688 milhões em descontos indevidos sobre aposentadorias e benefícios do INSS.>
Stefanutto já havia sido afastado do cargo na primeira fase da Operação Sem Desconto, deflagrada após a revelação de um esquema bilionário de descontos irregulares em benefícios previdenciários, denunciado inicialmente pelo portal Metrópoles. Na época, ele foi acusado de negligência e de ter assinado atos que permitiram a continuidade das cobranças e até a filiação de novos associados com o uso de biometria própria das entidades.>
Mesmo após os alertas, as associações continuaram a descontar valores de aposentados, movimentando cerca de R$ 2 bilhões a mais durante sua gestão. Apenas uma entidade, considerada de arrecadação pequena, teve o acordo suspenso.>
A PF agora também investiga Stefanutto por corrupção passiva. As suspeitas sobre o esquema podem alcançar R$ 6,3 bilhões em fraudes.>