PF bloqueia R$ 13,8 milhões e investiga compra de time de futebol com dinheiro do tráfico

Operação Mafiusi mira núcleo financeiro de facção ligada ao tráfico internacional; Justiça bloqueia R$ 13,8 milhões em bens

Publicado em 16 de outubro de 2025 às 13:34

A PF afirma ter identificado ligações diretas com a cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC)
A PF afirma ter identificado ligações diretas com a cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC) Crédito: Divulgação 

A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quinta-feira (16) uma nova fase da Operação Mafiusi, com o objetivo de desarticular o setor financeiro de uma organização criminosa responsável por lavar milhões de reais oriundos do tráfico internacional de drogas.

Foram cumpridos três mandados de prisão preventiva e 12 de busca e apreensão nas cidades de Curitiba, Maringá, São Paulo, Santana de Parnaíba, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Ribeirão Pires, Peruíbe e Jardinópolis.

As ordens judiciais foram expedidas pela 23ª Vara Federal de Curitiba, que também determinou o bloqueio de bens e valores somando cerca de R$ 13,8 milhões, entre imóveis, contas bancárias e aplicações financeiras.

Esquema sofisticado de lavagem

Segundo a PF, o grupo investigado era responsável pela contabilidade e movimentação do dinheiro do tráfico, utilizando pessoas e empresas de fachada para ocultar a origem ilícita dos recursos.

As investigações identificaram o uso de métodos complexos de lavagem, como o câmbio paralelo conhecido como “dólar-cabo”, movimentações por fintechs, emissão de notas fiscais falsas e contratos fraudulentos de locação de veículos e máquinas.

Do tráfico ao futebol

Um dos pontos mais delicados da investigação é a compra de um clube de futebol com dinheiro do narcotráfico.

De acordo com a PF, o investimento foi feito por meio de um laranja com histórico criminal, apontado como intermediário de um dos líderes da facção paulista investigada.

Análises de mensagens e documentos apreendidos na primeira fase da Mafiusi, deflagrada em dezembro de 2024, indicam que parte dos lucros obtidos com a exportação de cocaína para a Europa foi reinvestida no clube, usado como fachada para movimentar e “limpar” os valores ilícitos.

Ligação com o PCC

As investigações também revelaram remessas contínuas de cocaína para o exterior, coordenadas a partir do Brasil com apoio de empresários e doleiros.

A PF afirma ter identificado ligações diretas com a cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa originária de São Paulo que teria expandido suas operações para o Paraná e outros estados do Sul.

Segundo nota da corporação, a nova etapa da Mafiusi foi deflagrada após a análise do material apreendido anteriormente, que expôs um esquema empresarial altamente estruturado de lavagem de dinheiro.

“O objetivo é descapitalizar o grupo e atingir o coração financeiro da estrutura criminosa, impedindo que o dinheiro do tráfico continue a circular sob aparência de legalidade”, informou a PF.

Os presos e o material apreendido foram encaminhados à Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde permanecem à disposição da Justiça Federal.

Com informações do Metrópoles