Polícia Federal deixa cela pronta para eventual prisão de Bolsonaro, diz jornal

Espaço no prédio da corporação foi adaptado com cama, mesa, TV e banheiro privativo.

Publicado em 21 de agosto de 2025 às 15:16

Polícia Federal deixa cela pronta para eventual prisão de Bolsonaro, diz jornal
Polícia Federal deixa cela pronta para eventual prisão de Bolsonaro, diz jornal Crédito: Gustavo Moreno/STF

A Polícia Federal já dispõe de uma cela especial pronta para o caso de uma eventual prisão em regime fechado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que hoje cumpre recolhimento domiciliar. O espaço fica no térreo da Superintendência da PF no Distrito Federal, no Setor Policial Sul, em Brasília, e foi estruturado há cerca de três meses para receber autoridades que possam ser detidas.

Embora chamada internamente de “cela de Bolsonaro”, a sala não foi preparada exclusivamente para ele. O ambiente, semelhante ao que abrigou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Curitiba entre 2018 e 2019, possui cama, mesa de trabalho, cadeira, televisão e banheiro privativo. A custódia seria individual.

Precedentes e alternativas

O histórico de ex-presidentes presos reforça a ideia de um espaço reservado. Em 1992, Fernando Collor de Mello chegou a ficar temporariamente detido em uma sala do diretor do presídio estadual em Maceió (AL). Juristas entendem que essa prerrogativa se aplica a chefes de Estado após deixarem o cargo.

No caso de Bolsonaro, a avaliação dentro da PF é de que, se o Supremo Tribunal Federal determinar a prisão, há três alternativas: um quartel militar, por ele ser do Exército, um batalhão da Polícia Militar do DF, como ocorreu com o ex-ministro Anderson Torres, ou a própria Superintendência da PF em Brasília.

Como a cela foi definida

Segundo relatos de delegados, a sala foi preparada após consultas da cúpula da Polícia Federal e da Vara de Execuções Penais do DF sobre a existência de local adequado para custodiar um ex-presidente. Na sede da PF não havia espaço disponível para esse fim, o que levou à adaptação do ambiente atual.

Novo indiciamento

A discussão sobre uma possível prisão ganhou força após a PF indiciar Bolsonaro, na quarta-feira (20), por coação no curso de processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. O inquérito aponta que ele e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) teriam articulado, junto a aliados nos Estados Unidos, medidas para pressionar e sancionar instituições brasileiras, numa tentativa de interromper investigações e julgamentos relacionados ao plano de golpe de Estado.