Restrição de Moraes complica até deslocamento de Bolsonaro a hospitais em Brasília

A defesa do ex-presidente ainda não se manifestou publicamente sobre eventuais pedidos de flexibilização da medida para emergências médica.

Publicado em 21 de julho de 2025 às 11:06

Jair Messias Bolsonaro
Jair Messias Bolsonaro Crédito: Valter Campanato - Agência Brasil

A proibição imposta pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que impede o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de se aproximar a menos de 200 metros de embaixadas e consulados estrangeiros, tem criado dificuldades práticas para sua rotina em Brasília, inclusive em situações que envolvam saúde.

Segundo dados do Governo do Distrito Federal, existem hoje 132 representações diplomáticas na capital, a maioria concentrada na área central da cidade e em bairros nobres como o Lago Sul, onde Bolsonaro reside, no Jardim Botânico. Isso significa que qualquer deslocamento pela região requer atenção redobrada para não violar a medida judicial.

O Lago Sul concentra dois dos hospitais privados mais utilizados por Bolsonaro: Hospital Daher e Hospital Brasília, ambos localizados próximos a diversas embaixadas. Para chegar até eles sem infringir a decisão do STF, o ex-presidente ou seus motoristas precisam traçar rotas alternativas, mais longas e complexas. Em caso de emergência, o desafio se agrava tanto pela urgência quanto pela necessidade de evitar vias próximas às missões diplomáticas.

A situação se torna ainda mais sensível considerando o histórico de saúde de Bolsonaro. Desde a facada sofrida durante a campanha eleitoral de 2018, ele já passou por dez cirurgias, sendo sete diretamente relacionadas ao atentado ocorrido em Juiz de Fora (MG). A mais recente internação foi em abril deste ano, no hospital DF Star, onde permaneceu por 22 dias. O DF Star, localizado no Setor Hospitalar Sul, também está cercado por sedes de embaixadas.

Risco de descumprimento judicial

As restrições impostas por Moraes fazem parte das medidas cautelares no inquérito que investiga supostos crimes cometidos por Bolsonaro contra o Estado Democrático de Direito. Além do afastamento de embaixadas, o ex-presidente está obrigado a usar tornozeleira eletrônica, cumprir recolhimento domiciliar noturno e nos fins de semana, e está proibido de usar redes sociais ou manter contato com outros investigados.

Caso viole qualquer uma dessas determinações, inclusive se aproximando inadvertidamente de embaixadas, Bolsonaro pode ser acusado de descumprimento de ordem judicial, o que pode agravar sua situação perante o Supremo.

A defesa do ex-presidente ainda não se manifestou publicamente sobre eventuais pedidos de flexibilização da medida para emergências médica. Por ora, o risco de um simples deslocamento pela cidade acirra ainda mais o embate entre o ex-presidente e a Justiça.

Com informações do Poder 360