Seca no Rio Solimões deixa quase 4 mil pessoas isoladas, no Amazonas

Com os rios em níveis críticos e a interrupção do transporte por hidrovias, três mil e setecentas pessoas estão isoladas, e os preços de remédios e alimentos dispararam.

Publicado em 14 de setembro de 2024 às 18:37

Rio Solimões, no Amazonas.
Rio Solimões, no Amazonas. Crédito: Reprodução/Rede Amazônica Manaus

A principal passagem pelo Rio Solimões, no Amazonas, que dá acesso à cidade, está bloqueada por bancos de areia, e a seca começou muito antes do esperado este ano. Na última quinta-feira, 13, o alto Solimões alcançou um o nível -1,71 metro, conforme dados da Defesa Civil estadual. Agricultores, pescadores e a população que depende do transporte fluvial em Tabatinga, também estão enfrentando uma crise ambiental. Em julho, a navegação já havia sido interrompida, e a Defesa Civil local ainda não tem previsão para a recuperação das águas.

Outro canal do Rio Solimões, ainda navegável, também está em risco de secar completamente. Se isso acontecer, Benjamin Constant cidade localizada no sudoeste do Amazonas, com menos de 44 mil habitantes, ficará isolada de Tabatinga, o polo econômico mais próximo. O Solimões está enfrentando a pior seca dos últimos 42 anos.

Benjamin Constant, enfrenta uma seca extrema que tornou a navegação quase impossível, obrigando os ribeirinhos a usar enxadas para abrir canais para pequenas embarcações. Com os rios em níveis críticos e a interrupção do transporte por hidrovias, três mil e setecentas pessoas estão isoladas, e os preços de remédios e alimentos dispararam.

Mais de um terço da população de Benjamin Constant, está afetada pela estiagem. A alta nos preços de passagens de barco e mercadorias é uma consequência direta da seca. O arroz, que custava R$ 5, agora está R$ 7, e o óleo subiu de R$ 7 para R$ 8.

Em uma das 26 comunidades isoladas da região, a prefeitura está perfurando um poço para garantir o abastecimento de água, que antes vinha do rio e da chuva. Odinei Barbosa, presidente da comunidade pesqueira local, percorreu três quilômetros de um rio seco para ajudar na construção do poço.

"Tivemos que pegar duas canoa, passar o material para uma e depois passar para outro. E essa luta que para carregar, é mais ou menos essa distância aí que eu falei", diz o presidente da comunidade pesqueira.