Belém Recebe Legado Audiovisual Histórico da Amazônia a Meses da COP30
A exibição gratuita de 16 a 22 de outubro no Cine Líbero Luxardo resgata obras raras de Adrian Cowell e Vicente Rios, incluindo "A Década da Destruição", e promove debates com lideranças indígenas, Vincent Carelli e o lançamento póstumo do livro de Dom Phillips.
Publicado em 6 de outubro de 2025 às 14:38
Belém Recebe Legado Audiovisual Histórico da Amazônia a Meses da COP30 Crédito: Divulgação
A capital paraense, que sediará a COP30 em 2025, recebe um dos mais importantes acervos de memória da Amazônia na Mostra "Amazônia: Memórias para o Futuro". De 16 a 22 de outubro, com entrada gratuita no Cine Líbero Luxardo, a programação apresenta uma poderosa retrospectiva e um panorama contemporâneo sobre a região, reunindo obras raras, debates e o encontro de gerações de ativistas e documentaristas.>
Idealizada pela Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) em parceria com a Makunaima Produção Audiovisual e o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), a Mostra foca em um valioso legado: a curadoria de filmes do britânico Adrian Cowell e do brasileiro Vicente Rios, que registraram sistematicamente as transformações — muitas vezes brutais — da Amazônia ao longo de cinco décadas.>
A Década da Destruição: O Arquivo Insurgente de Cowell e Rios>
O ponto alto da programação histórica é a exibição de filmes da icônica série documental "A Década da Destruição". Realizada por Cowell e Rios, a série capturou os anos 80, período marcado por políticas governamentais de ocupação que impulsionaram a maior devastação da floresta até então.>
Os registros de Cowell e Rios, que se tornaram um "arquivo histórico insubstituível", segundo Stella Penido, diretora-geral e curadora do evento, abrangem:>
O primeiro contato com povos indígenas isolados, como os Uru-Eu-Wau-Wau.
A organização dos seringueiros e o nascimento do movimento ambientalista amazônico, com destaque para a trajetória de Chico Mendes.
Os conflitos fundiários e a violência no campo, com a exibição de filmes como "Matando por terras" e "Financiando o desastre".
O impacto econômico e ambiental da mineração em Serra Pelada e Carajás, retratado em "Montanhas de ouro".
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"Trazemos obras do passado e do presente para conversar e podermos vislumbrar um futuro melhor para a Região e seus povos", explica Stella Penido, ressaltando o diálogo entre as décadas.>
Lideranças, Cinema Indígena e Lançamentos>
A Mostra não se limita ao passado. A programação contemporânea traz um olhar plural e urgente sobre os problemas que persistem:>
Lançamentos de Destaque: A programação inclui o mais recente trabalho do aclamado diretor Jorge Bodanzky, "Um olhar inquieto: o cinema de Jorge Bodanzky", e o emocionante lançamento póstumo do livro de Dom Phillips, "Como Salvar a Amazônia: uma busca mortal por respostas", com a presença de Angela Mendes e Alessandra Sampaio (Instituto Dom Phillips).
Vozes Indígenas: O cinema indígena tem forte presença, com sessões comentadas e produções como "De volta à terra boa" (Vídeo Nas Aldeias), "A febre da mata" (Takumã Kuikuro), e filmes do Coletivo Audiovisual Munduruku Daje Kapap Eypi e do Coletivo Beture. O diretor Vincent Carelli (Vídeo Nas Aldeias) participa de debates essenciais sobre a memória e o território.
Debates Cruciais: Temas como a contaminação por mercúrio (discutida por Jorge Bodanzky e Beka Munduruku), a disputa por terras e o papel da floresta na regulação climática (com a projeção de "Tempestades da Amazônia") serão abordados em sessões com pesquisadores, ativistas e cineastas.
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A Mostra "Amazônia: Memórias para o Futuro" é um convite à reflexão sobre a história da destruição e da resistência na Amazônia, oferecendo subsídios históricos e contemporâneos vitais para pensar o futuro da região a caminho da COP30.>
Serviço>
Mostra "Amazônia: Memórias para o Futuro">
Onde: Cine Líbero Luxardo (Av. Gentil Bittencourt, 650, Nazaré, Belém)
Quando: De 16 a 22 de outubro de 2025
Quanto: Entrada gratuita
Realização: Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, Makunaima Produção Audiovisual e Museu Paraense Emílio Goeldi.