Ceia de Natal e Ano Novo fica mais cara em Belém, aponta pesquisa

Pesquisa indica altas acima da inflação em itens tradicionais da ceia.

Publicado em 17 de dezembro de 2025 às 09:13

Ceia de Natal e Ano Novo fica mais cara em Belém, aponta pesquisa
Ceia de Natal e Ano Novo fica mais cara em Belém, aponta pesquisa Crédito: Senac/Divulgação

A proximidade das festas de Natal e Ano Novo já movimenta supermercados e lojas de departamentos da Região Metropolitana de Belém e de outras regiões do Pará. No entanto, em 2025, o aumento da procura por itens tradicionais da ceia ocorre em um cenário econômico ainda desafiador para os trabalhadores, marcado por juros elevados, crédito mais caro, custos de produção em alta e renda pressionada, apesar de uma inflação geral mais moderada em relação ao ano passado.

Para avaliar o impacto desse contexto no orçamento das famílias paraenses, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos no Pará (DIEESE/PA) realizou, entre os dias 12 e 16 de dezembro de 2025, uma pesquisa de preços com mais de 100 produtos comercializados nas principais redes de supermercados e lojas de departamentos de Belém. Os dados foram comparados com os valores praticados no mesmo período de 2024, considerando uma inflação acumulada em torno de 4,5% nos últimos 12 meses.

Os resultados apontam que a maioria dos itens pesquisados apresentou aumento real de preços, ou seja, reajustes acima da inflação. Em diversos produtos centrais da ceia, as altas superam 20%, evidenciando a perda do poder de compra das famílias e o peso da inflação dos alimentos, que afeta de forma mais intensa os consumidores de menor renda. Segundo o DIEESE/PA, o encarecimento não ocorre de forma homogênea, mas revela uma tendência clara de alta nos preços, sobretudo em produtos mais industrializados, dependentes de insumos importados ou sensíveis à variação cambial.

Entre os itens de maior impacto no orçamento das ceias estão as carnes tradicionais. O pernil suíno com osso da marca Dália, por exemplo, apresenta preço médio de R$ 21,78 o quilo, com alta de 25,03% em relação a 2024. Já o pernil Sadia custa, em média, R$ 22,69/kg, acumulando reajuste de 10,52%. De acordo com o DIEESE/PA, esses aumentos refletem não apenas a maior demanda sazonal, mas também a elevação dos custos da cadeia produtiva, como ração, energia, transporte e logística.

As aves típicas das festas também ficaram mais caras. O peru Perdigão é comercializado, em média, a R$ 31,98/kg, com aumento de 8,92%, enquanto o peru Sadia chega a R$ 36,48/kg, com reajuste de 4,77%. Produtos como o Chester Perdigão e a Ave Fiesta Seara tiveram aumentos mais moderados, porém ainda acima da inflação, indicando repasse de custos mesmo em itens de produção nacional.

Outro produto bastante tradicional na ceia, o bacalhau, apresentou elevações expressivas de preço. Altamente dependente da importação e influenciado pela valorização do dólar, o bacalhau do Porto registra preço médio de R$ 229,49/kg, com alta de 23,39%. Já o bacalhau tipo Saith custa, em média, R$ 102,67/kg, acumulando aumento de 24,57% em comparação com 2024.

Diante do encarecimento das carnes tradicionais, o frango segue como a opção de proteína animal mais acessível para as famílias paraenses. O frango resfriado Americano custa, em média, R$ 13,12/kg, com alta de 5,72%, enquanto o Avispará é encontrado a R$ 13,39/kg, com reajuste de 12,71%. Apesar dos aumentos, os valores ainda permanecem inferiores aos das demais carnes típicas do período.

A pesquisa do DIEESE/PA também identificou variações significativas nos preços de outros itens essenciais da ceia. O azeite de oliva, por exemplo, apresentou forte oscilação: a garrafa de 500 ml da marca Galo foi encontrada com preços entre R$ 33,90 e acima de R$ 43,00, dependendo do estabelecimento e do fabricante, refletindo a influência do câmbio e dos custos internacionais.

As chamadas frutas “natalinas” ou importadas também ficaram mais caras nos últimos 12 meses. O quilo da nectarina apresentou alta de 17,73%, seguido pela pera D’Anjou, com aumento de 10,35%. Nozes com casca subiram 8,97%, enquanto a pera Red teve reajuste de 8,69%. Outros produtos como damascos, tâmaras, kiwi, passas e maçãs importadas também registraram aumentos, impactados pela variação cambial e pelos custos de frete e armazenagem.

No grupo das bebidas, os reajustes também foram significativos. As cervejas em lata variam entre R$ 3,17 e mais de R$ 5,00, enquanto os refrigerantes oscilam entre R$ 2,85 e R$ 3,59. Já no segmento de maior valor agregado, como vinhos, espumantes e champanhes, a pesquisa identificou ampla diversidade de preços, que podem ultrapassar R$ 10 mil, evidenciando um consumo cada vez mais segmentado por faixa de renda. Mesmo opções consideradas mais acessíveis, como a sidra nacional, tiveram reajustes, com preços entre R$ 13,50 e R$ 20,00. Os espumantes nacionais variam de R$ 46,89 a mais de R$ 136,00, conforme a marca e o ponto de venda.

As análises do DIEESE/PA reforçam que, além do aumento generalizado dos preços e do encarecimento da Ceia de Natal e Ano Novo, há diferenças expressivas entre os estabelecimentos, que em alguns casos superam 20% para um mesmo produto. Diante desse cenário, o órgão destaca que a pesquisa de preços se torna uma estratégia fundamental para reduzir os impactos no orçamento familiar e garantir uma ceia mais equilibrada dentro das possibilidades de cada consumidor.