Cortejo fúnebre com fogos e cachaça marca tradição em município no Pará; assista

Assim que a morte de um morador é confirmada, amigos e vizinhos se mobilizam para organizar o ritual.

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Silmara Lima

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Publicado em 28 de setembro de 2025 às 14:37

Durante o trajeto até o cemitério, o caixão é levado em meio a rojões, gritos emocionados e choros. Um verdadeiro misto de luto e festa.
Durante o trajeto até o cemitério, o caixão é levado em meio a rojões, gritos emocionados e choros. Um verdadeiro misto de luto e festa. Crédito: Reprodução/Redes Sociais

A vila São João do Abade, localizada em Curuçá, no nordeste paraense, a despedida de um ente querido ganha contornos que misturam tradição, festa e resistência cultural. Lá, o cortejo fúnebre não é silencioso, ao contrário disso, é acompanhado por fogos de artifício, música e doses generosas de cachaça. Uma tradição que, apesar de causar espanto em quem presencia pela primeira vez, é carregada de significado para a comunidade local.

A prática, que se mantém viva há gerações, transforma o último adeus em uma celebração da vida. Assim que a morte de um morador é confirmada, amigos e vizinhos se mobilizam para organizar o ritual. Durante o trajeto até o cemitério, o caixão é levado em meio a rojões, gritos emocionados, choros e até gargalhadas, um verdadeiro misto de luto e festa.

Apesar do tom irreverente, o ritual é conduzido com grande respeito. A bebida é compartilhada entre os presentes como símbolo de união, enquanto os fogos, segundo os mais velhos, servem para “abrir caminho para a alma” e anunciar sua chegada ao outro plano.

A tradição, que já foi alvo de críticas e tentativas de proibição por autoridades de fora, tem sido defendida pelos moradores como um patrimônio cultural da região. Com o passar dos anos, o cortejo de São João do Abade virou tema de pesquisas acadêmicas e atrai a curiosidade de visitantes, que se deparam com uma experiência fúnebre que foge totalmente dos padrões convencionais.