Encontro Nacional de Comunicação Indígena lança plano histórico para a COP30 em Belém

Encontro Nacional de Comunicação Indígena em Belém lança plano estratégico para garantir protagonismo dos povos indígenas na COP30.

Publicado em 2 de setembro de 2025 às 13:22

Encontro Nacional de Comunicação Indígena lança plano histórico para a COP30 em Belém
Encontro Nacional de Comunicação Indígena lança plano histórico para a COP30 em Belém Crédito: Divulgação

O Primeiro Encontro Nacional de Comunicação Indígena (ENCI) chegou ao fim neste domingo (31), em Belém, após quatro dias de oficinas, debates e articulações que reuniram 100 comunicadores de 62 povos indígenas de todo o Brasil. Realizado pela Mídia Indígena e pelo Ministério dos Povos Indígenas, o evento teve como palco a Casa Maraká, novo espaço de mobilização cultural que deve desempenhar papel central até a COP30, em novembro de 2025.

O ponto alto do encerramento foi o lançamento oficial do Plano de Comunicação da Mídia Indígena para a COP30, apresentado às 17h de domingo. Construído de forma coletiva, o documento estabelece diretrizes para garantir que os povos indígenas sejam protagonistas nas negociações climáticas globais, e não apenas consultados.

O plano para a COP30

Entre as propostas centrais do plano estão:

  • Visibilidade: destacar lideranças, mulheres e juventudes indígenas na linha de frente das soluções climáticas.

  • Narrativas próprias: contrapor o olhar limitado da mídia tradicional, trazendo saberes ancestrais como caminhos para o futuro.

  • Memória coletiva: criar um arquivo histórico audiovisual da COP30 como parte da trajetória de luta indígena.

  • Incidência política: usar a comunicação para pressionar governos, empresas e organismos internacionais, reforçando que não há justiça climática sem justiça para os povos indígenas.

  • Resistência combativa: denunciar ameaças como agronegócio, mineração e falsas soluções de mercado.

“O plano que entregamos não é apenas uma estratégia de cobertura. É um instrumento político para ecoar nossas vozes dentro e fora das salas de negociação, garantindo que o mundo veja os rostos, histórias e saberes dos povos indígenas como protagonistas da luta climática”, afirmou Tipuici Monoki, da Terra Indígena Irantxe (MT).

O documento prevê a criação de um Centro de Comunicação Indígena em Belém, sediado na Casa Maraká, para funcionar como base de transmissões, produção de conteúdos e acolhimento de comunicadores. Também está programada uma rotina jornalística diária, com equipes de redação, audiovisual, tradução em inglês, espanhol e francês, além de redes sociais, para internacionalizar a cobertura.

Ato cultural e 10 anos da Mídia Indígena

O encerramento do encontro também celebrou os 10 anos da Mídia Indígena, com o Ato Cultural em Defesa dos Povos Indígenas, reunindo artistas amazônicos e nacionais. Subiram ao palco Eric Terena, Viviane Batidão, Djuena Tikuna, Jeff Moraes, Raidol, Weena Tikuna, Sandrinha Eletrizante, Keila (Gang do Eletro), Flor de Mururé, Aíla e Júlia Passos.

A programação reforçou que a comunicação indígena vai além da palavra escrita e falada, sendo também expressa pela música, arte e performance, como ferramentas de diálogo com a sociedade brasileira e internacional.

Anitta, madrinha da Casa Maraká

Uma das surpresas da noite foi a mensagem em vídeo enviada por Anitta, madrinha da Casa Maraká. A cantora destacou a relevância da mobilização:

“É um orgulho ser madrinha da Casa Maraká e apoiar a Mídia Indígena, que há tantos anos informa e defende as nossas causas. Informação salva pessoas e salva o planeta. Vocês podem contar comigo para o que precisarem, porque acredito profundamente na força transformadora desse trabalho”, disse a artista.

Marco para a COP30

Com o lançamento do plano e a consolidação de uma rede nacional de comunicadores indígenas de diferentes biomas, o ENCI marca um passo histórico rumo à COP30, que reunirá em Belém mais de 3 mil indígenas do Brasil e de diversos países para levar suas vozes ao centro das negociações climáticas globais.