Publicado em 5 de novembro de 2025 às 18:12
A manhã desta quarta-feira (5) começou com um gesto simbólico e potente na Baía do Guajará, em Belém. Faixas abertas sobre as águas deram as boas-vindas às delegações que chegam para a Cúpula dos Presidentes da COP30, ao mesmo tempo em que expressaram um grito coletivo de alerta vindo do coração da Amazônia.>
Enquanto a capital paraense se prepara para receber líderes mundiais, territórios do Marajó, comunidades quilombolas, ribeirinhas e extrativistas também se mobilizaram, ecoando uma mesma mensagem: a Amazônia pede justiça climática, transição energética justa e o fim da exploração de petróleo na Foz do Amazonas.>
A ação foi organizada pelo Observatório do Marajó, o Coletivo Pororoka, o Grupo de Trabalho Amazônico (GTA) e a 350 Brasil, como forma de chamar a atenção global para as demandas urgentes dos povos da floresta.>
As faixas exibidas sobre o rio levavam mensagens que ultrapassam o protesto visual. Elas representavam a voz das comunidades que convivem diariamente com os impactos da crise ambiental e que, mesmo sendo as menos responsáveis por ela, estão entre as mais afetadas. O ato reforçou a defesa da soberania dos povos amazônicos, o direito à autodeterminação sobre seus territórios e a proteção das áreas tradicionais, fundamentais para a preservação da biodiversidade e do conhecimento ancestral da região.>
“Abrimos faixas, mas também abrimos caminhos. A Amazônia fala por seus rios e por seu povo, pedindo luz, justiça e preservação. Queremos uma transição energética justa e popular, que leve energia limpa e acessível a quem ainda vive no escuro, sem aumentar desigualdades nem destruir a floresta”, afirmou Ediele Lima, ribeirinha do município de Melgaço, no Marajó.>
A mobilização ocorre às vésperas do início oficial da conferência. “Nesta véspera da Cúpula dos Líderes e da COP30, deixamos um recado claro para todos os presidentes que estarão vindo a Belém: somos contra a exploração de petróleo na Foz do Amazonas. Chega de combustíveis fósseis. Queremos uma transição energética justa, que respeite os povos da Amazônia e mantenha a floresta em pé”, declarou Bianca Barbosa, liderança quilombola de Salvaterra.>
Para Luis Barbosa, integrante de um dos coletivos participantes, o momento é de visibilidade e de reivindicação. “Nesse momento em que o mundo olha para Belém e para a COP30, queremos que olhem também para as ameaças que enfrentamos, com projetos de exploração que colocam em risco nossos modos de vida e a proteção dos territórios”, disse.>
Mais do que uma intervenção simbólica, o ato buscou pressionar os líderes globais presentes na COP30 a irem além dos discursos e assumirem compromissos reais pela preservação da floresta e pelos direitos dos povos que nela vivem. A mensagem é clara: a Amazônia fala, e o mundo precisa escutar.>